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Sessão de 19 de Janeiro de 1921

problema cerealífero, mas, pelo menos, a sua atenuação.

Devo dizer ao Sr. António Granjo que sou também daqueles que procurando sempre, através de todas as pugnas, as mais irritantes mesmo, da política dos partidos, fazer justiça aos homens, confio altamente na missão dessas duas entidades.

Tenho, porém, de acrescentar que, a par disso, entendo que não é passeando do Terreiro do Paço para o Parlamento ou do Parlamento paru o Terreiro do Paço, que se resolvem os altos problemas da nossa vida colonial. Resolvem-se, sim, estando em contacto com eles, estudando-os com todas as suas pcrmissas, procurando encontrar a equação que os resolva e dar-lhes resolução. Então, quando eu vir quê lá longe, no seu posto de combate—porque o é — esses homens estão a contas com as dificuldades, é que eu, que neles muito confio, poderei ter esperanças. Neste momento, não devo tê--las, nem deixar de as ter.

Disse ontem o Sr. António Granjo que era possivelmente legítimo tirar-se a conclusão de que aqueles que hoje defendem o ponto de vista do Sr. Ministro das Finanças, com respeito à questão da Agência Financial, são precisamente aqueles que antes, mais decedidainente, mais energicamente e com mais ardor combateram o seu contrato dos trigos.

Não estava eu presente quando no Parlamento se discutiu a questão dos trigos, e se eu, defendo o ponto de vista do Sr. Ministro das Finanças...

O Sr. António Granjo (interrompendo):— Eu não me referi a nenhum Sr. Deputado. Apenas estranhei que os financeiros estejam defendendo o Sr. Ministro na questão da Agência Financial.

O Orador:—Eu hei-de-me referir aos mesmos pontos que S. Ex.a tocou no seu discurso.

Se eu estivesse presente quando se discutiu o assunto dos trigos, ia dizendo, teria discutido essa quesião, não com inteligência, mas com o mesmo ardor e entusiasmo com que o discutiram os meus colegas.

Vejamos as afirmações do Sr. António Granjo.

S. Ex.a, como todos nós sabemos, tom f i-i to uma larga vida parlamentar, que vem desde a implantação da República, e, como sempre, foi feliz nas suas sínteses de apreciação.

Ora, eu devo dizer que se o regime de tabelamento e racionamento não tem dado resultado igual ao de outros países, não ó por culpa desse regime, mas daqueles que tem decretado racionamentos que não têm razão de ser, e tabelamentos sem base e que são bem equiparados ao decreto do Srv António Granjo dos dois pratos.

Esse sim, não deu, não podia nunca dar resultado em parte alguma. Por esta razào: é que S. Ex.a, sem querer, foi criar uma nova exploração à indústria hoteleira. Quem ficou prejudicado foi o prejudicado de sempre: o hóspede.

Ao mesmo tempo que era decretado o racionamento nos hotéis, os seus doe os estabeleceram mais tantos por cento nos preços das diárias, para depois não baixarem a conta quando voltasse ao ponto primitivo.

O racionamento feito assim não dá resultado.

Como se. fez em alguns países, em França e em Inglaterra, sim.

Aqui sofremos da falta de educação colectiva.

Ainda assim tem dado mais profícuos resultados do que o do tabelamento dos géneros.

Em Portugal não tem dado'infelizmente aquele resultado que seria mister. Porquê? Porque foi uma medida sem fundamento, sem base nos termos do seu estabelecimento.

Todos pretenderam fazer um a obra sua; e assim prejudicaram esta questão, principalmente nos azeites.

Um Deputado no ano passado teve ocasião de chamar a atenção do Sr. Ministro da Agricultura para este assunto, muito importante do azeite.

S. Ex.a podia tabelar o azeite em harmonia com as condições de vida impostas polo momento, para basos em lucros razoáveis, mas nunca de especulação.

O Ministro não fez caso dessas considerações.