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Diário da C aviara dos Deputados

presas jornalísticas foram as mesmas que pôs à disposição dos elementos grevistas. O orador não reviu, nem foram revistos pelos Sr s. Deputados que fizeram os «apartes *> intercalados no discurso.

O Sr. Presidente : —Vai continuar a discussão do assunto dado para ordem do dia, respeitante à Agência Financial.

Continua no uso da palavra o Sr. Manuel José da Silva.

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis): —Continuo respondendo às considerações feitas ontem nesta Câmara pelo ilustre leader do Partido Liberal, o Sr. António Granjo.

Já vai longo o debate, e não só por essa razão, mas também por aquelas que já apresentei, vou reduzir as minhas considerações ao suficiente para responder às que foram feitas por S. Ex.a

S. xjx.*, ontem, armou-se em paladino da imprensa que — no dizer de S. Ex.a — tinha sido ferida pelas palavras aqui proferidas pelo Sr. Ministro das Finanças, que fora intensamente injusto, não podendo o Parlamento sancionar essas palavras.

S. Ex.a teve ocasião de falar da sua pessoa como director de um jornal.

S. Ex.a não era atingido, porque o Sr. Cunha Leal teve o cuidado de fazer a distinção em que foi englobada a Republica e outros jornais.

A prova de que o Partido Popular quis sempre viver honestamente, é que termi-;nou a publicação do seu órgão exactamente no momento em que lhe faltaram os recursos.

Nas colunas do nosso jornal, por exemplo, não foi publicado o comunicado que a tanto por linha prolongou uma campanha jornalística entre duas poderosas empresas, que pagavam bem.

Talvez, se o tivesse feito, se arredassem os motivos que levaram à sua suspensão.

Creio que o órgão do. Sr. António Granjo, assim como muitos outros jornais, vive em circunstâncias muito diferentes das que foram referidas.

O Sr. António Granjo não podia esquecer, sob pena de praticar uma injustiça, que o Sr. Ministro das Finanças, ao falar nos termos em que falou acerca da imprensa, se referiu a certa imprensa que

já está condenada pela opinião pública, porque sobrepõe aos interesses da nação os seus interesses e os interesses de vários sindicatos, que quási sempre colidem com os interesse:? nacionais.

Eu posso dizer que a greve dos trabalhadores da imprensa pode aer a prova mais cabal desta minha afirmação.

Posso ler à Câmara uma parte do artigo de fundo de um jornal que esses trabalhadores publicaram, e que será documento bastante para se ver a maneira como se fazem certas campanhas jornalísticas em Portugal.

Diz assim esse artigo:

«O público conhece-nos bem. Somos nós os trabalhadores dos jornais que temos estado em contacto com ele, concorrendo para o informar e para o defender, tanto quanto nos tem permitido as circunstâncias excepcionais em que até aqui temos trabalhado,, sob o peso da pressão das entidades que se imiscuirun nos jornais não para fazer jornalismo mas para defender interesses particulares, por vezes contendendo com o interesse geral.

O nosso jornal está liberto de todas essas influências e assim se manterá, cumprindo honestamente a sua missão de bem informar os seus leitores e esclarecer e orientar a opinião pública, sem nunca deturpar a verdade ou torcê-la ao sabor de quaisquer conveniências inconfessáveis. Os negócios escuros, as clientelas financeiras, não terão aqui nenhuma espécie de defesa e, pelo contrário, tudo quanto do-cumentadamente chegue ao nosso conhecimento que represente um escândalo, uma manigância contra os interesses do pú blico, aqui será prontamente revelado».

São estes homens que têm vivido dia a dia, hora a hora, a vida de jornal e que vêm publicamente fazer uma afirmação destas, que será bastante para desmascarar todos os que queiram luditriar a opinião pública, fazendo a mais miserável campanha que se .tem feito a um homem público, atacando miseravelmente o Sr-Ministro das Finanças, não só pelas funções que representa mas pela situação que ocupa.