O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

24

Diário da Câmara de s Deputados

O Sr. Ministro das Finanças

Leal): — Essa quantia há-de ser muito superior aos cálculos de V. Ex.a e aos meus.

O Orador: — Tomos ainda os encargos provenientes do pagamento de trigo.

Eu tive ocasião de chamar a atenção do titular da pasta da Agricultura para a fornia como se fazia a selecção das propostas dos concorrentes que eram irregulares.

O Sr. António Granjo, que foi Ministro das Finanças, interinamente, é certo, mas o espaço de tempo necessário para um honiom da sua envergadura intelectual conhecer a situação do Tesouro, IS. Ex.a não sabendo ver essa situação, não procedeu como devia proceder um Ministro «das Finanças, visto que o Estado tinha uns encargos que iam até três milhões e tantas mil libras.

Computando em 08:000 toneladas o quantitativo deste cereal necessário para vivermos até o fim do ano económico, tinha o Sr. António Granjo a acrescentar a esta cifra avultadíssima para satisfação da qual...

O Sr. Ministro das Finanças (Cunha Leal) (interrompendo)'.— Esquece-se V. Ex.a de dizer ainda que ao mesmo tempo se fez o contrato do carvão, que dava ao Estado um dispêndio de duzentas mil libras por mês.

O Orador : —Diz V. Ex.a muito bem.

Sr. Presidente: não se pode nem se deve fazer uma acção isolada de cada Ministério, mas essa acção deve ser conjugada e patrocinada pelo Ministério das Finanças, e o Sr. António Granjo, que foi Ministro das Finanças, interino, tinha obri-gabão de saber a situação do Tesouro e os seus encargos, se S. Ex.a tivesse tomado a sério o seu lugar.

O Sr. António Granjo teve ontem ocasião de, nesta Câmara, dizer — e eu fiquei imensamente espantado, — que não sabia a quanto montavam os encargos com o nosso déficit cerealífero.

S. Ex.a atribuía ao ilustre titular da pasta das Finanças a afirmativa de que esses encargos se elevavam a um montante de 100:000 contos.

O Sr. Ministro das Finanças, que é um dos mais ilustres membros desta casa do Parlamento, teve ocasião, coiio parlamentar, como prupaiigandista, Lá fora, nos comícios, de apresentar a qi.estão cerealífera tal.como ela é em Porlugal.

E possível que S. Ex.a tenha ido ato o ponto de afirmar que o nosso déficit cerealífero, ultrapassa o quantitativo de 100:000 contos ...

O Sr. Ministro das Finanças (Cunha Loal): — Não foi só em'conÍ2Íos que eu fiz essa decantada afirmação.

A Contabilidade só podia dizer que o íêcho de cuntas do ano passado acusou um saldo de 9:000 contos. Se, estando o câmbio a 12, ou seja cori a libra a 20;), nós temos din prejuízo de 50:000 contos; estando o câmbio a 6, isto é, com a libra a 40$, forçosamente haveremos de ter 100:000 contos ue prejui'20.

O Orador: — Quere dizer: V. Ex.a, que era então simplesmente um estudioso das questões económicas que interessavam ao País, foi levado à conclusão lígica dt- que os encargos do Tesouro, com o déficit cerealífero, iam até ] 00:000 contos, tendo visto as cousas melhor do que o Sr. António Granjo, que foi Miuislro da Agricultura, e que tomou conta desse cargo, não ignorando como nós o supúnhamos, mas absolutamente consciente da sua alta missão, como V. Ex.!l próprio o disse daquelas bancadas.

Mas, omquanto V. Ex.a se limita a constatar aquilo que é um cancro, nós, pela •boca do actual Ministro das Finanças, íamos mais longe, e afirmávamos aqui e lá fora os nossos pontos de vista para resolver ou, o que já não era pouco, para procurar resolver o chamado problema cerealífero em Portugal.