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Sessão de W de Janeiro de 1921

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O Sr. Dias da Silva: — Sr. Presidente: disse há pouco o Sr. Presidente do Ministério que é necessário entrar em vida nova; o que se verifica, porém, é que sempre que se trata de proteger interesses de todos aqueles que de algum modo vivem à custa dos trabalhadores, os governos, seja qual for a sua política, põem-se ao lado dessa mesma gente.

Desde que subiu ao Poder o Sr. Coronel Baptista que se começou a usar o processo que agora de novo vai ser adoptado: a interferência do Governo numa simples questão entre o capital e o trabalho. O Sr. coronel Bíiptista ainda tinha a seu favor o facto de liaver uina certa efervescência popular, mas com o actual Sr. Presidente do Ministério dá-se o caso contrário, a ordem pública é absoluta.

Desde o momento em que se trata simplesmente duma questão entre o capital e o trabalho, não se podo admitir que o Governo venha em socorro das empresas, mesmo porque, segundo me parece, a •Constituição tal determine, nemtam pouco porque a questão tenha deixado de correr ordeiramente. Quem provoca a desordem são certas empresas jornalísticas com os seus ataques ao Governo, por vezes até bastante injustos.

Chego a não acreditar que o Sr. Presidente do Ministério tivesse mandado, como se afirma, polícia e guarda republicana para as redacções de alguns jornais em substituição do seu pessoal gráfico.

Trata-se duina questão entre o capital e o trabalho. Decerto S. Ex.a é o primeiro a concordar em que um tipógrafo não pode viver com o ordenado que actualmente tem.

V. Ex.as devem compreender que em-quanto aqui estão a brincar com os Governos, a vida vai encarecendo dia a dia.

Y. Ex.a, Sr. Presidente do Ministério, não é capaz de apresentar razões que justifiquem os seus actos, porque neste momento não há alteração da ordem pública que possa servir de base a essa violência.

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, guando restituir, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas..

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Liberato Pinto): — Sr. Pre-

sidente: em resposta às considerações feitas pelo ilustre Deputado, o Sr. Dias da Silva, devo informar V. Ex.a e a Câmara de que o Governo pensa que é indispensável a existência em Lisboa de dois jornais diários, mas tornando-só ao mesmo tempo absolutamente imparcial nas lutas que se travam neste momento entre as empresas jornalísticas e o seu pessoal, não se manifesta nem pró nem contra.

O Governo forneceu às empresas os elementos necessários para que circulem, os jornais de ambas as partes litigantes.

Creia V. Ex.a que me felicito pelo entusiasmo que demonstrou na sua argumentação, no sentido de salientar que o Governo não pôs embaraços às empresas jornalísticas, mormente àquelas cujos órgãos mais rudemente o têm atacado. Felicito--me. porque V. Ex.a forneceu ensejo para eu demonstrar que o Governo não aproveitou este momento para coarctar aos seus contraditares os elementos de ataque.

O Governo apenas teve o intuito do manter os jornais que neste momento taru necessários se tornam, para que todo o País possa sabor o que se está passando no Parlamento, para que todo o País possa sabor da sua própria vida.

Interrupção do Sr. Dias da Silva.

O Orador: — ^Então V. Ex.a queria que o Governo tivesse um jornal que oficialmente o defendesse?

Vozes: basta! Risos.

; O Diário do Governo já

O Sr. Carlos Olavo (interrompendo]: — ^ Pode V. Ex.a, Sr. Presidente do Ministério, informar a Câmara se as classes grevistas comunicaram ou não as suas resoluções, nos termos da lei que regulamenta a greve?

O Orador : —.Tem V. Ex.a razão !

O Sr. Sá Pereira (interrompendo): — ; A lei da greve não se pode cumprir!