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Sessão de 24 de Janeiro de

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responsabilidade a quem de direito, mas factos são factos e desde então não era segredo algum o caso a que me estou a referir.

Esta malfadada questão, como lhe chamou o Sr. Ministro das Finanças e como a designou também creio que o Sr. António Granjo, vários desgostos tem trazido desde a sua origem.

Também eu a reputo, por isso, malfadada.

Tíhha sido versada numa outra sessão legislativa e todos os parlamentares sabem como ela foi conduzida, tendo ainda o Sr. Ministro das Finanças querido tomar à comissão de finanças a responsabilidade do caso. Pela parte que me diz respeito, só responsabilidades me cabem desde que pela bondade dos meus colegas assumi a presidência da comissão, mas isto há bem poucos dias. Até então, não me competia, como simples membro dessa comissão, providenciar para que o assunto nela pendente tivesse a solução mais consentânea com os interesses do país.

Não era depois de versada a questão na Câmara, e depois do facto consumado da denúncia que vinha a pêlo afirmar que eu porventura não terei cumprido os meus deveres de presidente da comissão de finanças.

Essa mesma razão me leva a, acidentalmente, afirmar ao Sr. António Granjo que, se o contrato de trigos e carvão não foi ainda considerado pela comissão de finanças, isso se dove ao facto de^ain-da lhe não ter sido entregue o respectivo processo que se encontra, segundo creio, na comissão de agricultura. Se assim não acontecesse, ter-me-ia comprometido perante S. Ex.a a dar também sobre esse assunto um parecer urgente, procedendo a comissão pela mesma forma que a quando da proposta do Sr. Ministro das Finanças sobre contribuições extraordinárias.

Trabalhou-se então durante um pequeno número de horas —aquelas que nos foram concedidas— e o assunto foi considerado dentro da medida do possível.

Vê V. Ex.a e a Câmara que razão alguma há para qualquer mau juízo a fazer no assunto a que me estou referindo.

Mas ainda, e esta referência que vou. fazer parece-me de importância capital

para o debate por marcar a posição de quem de direito respectivamente a este assunto, chamado pelo Sr. Presidente [do Ministério ao Ministério do Interior, quando não estava ainda denunciado oficialmente o contrato da Agência Financial, e chamado na qualidade de membro da junta parlamentar do meu partido, eu referi-a S. Ex.a, o Sr. Presidente do Ministério, qual era o ponto de vista dos .par-lamentares do meu partido reíerentemen-te a essa questão, ponto de vista que, de resto, já tinha sido por uma grande maioria expresso a quando da discussão no "tempo do Sr. Eamada Curto, Ministro das. Finanças.

Nós éramos partidários da denúncia do contrato com o Banco Português do Br à-sil, afirmei-o peremptoriamente a S. Ex.a

Aliás, o J3r. Miuistro das Finanças já - declarou à Câmara que o Conselho de Ministros, na sua quási totalidade, se tinha pronunciado pela denúncia do contrato.

Mas afirmei ainda ao Sr. Presidente do Ministério o que o meu espírito previa se não fosse denunciado o contrato.

Lembrei-lhe a atitude, na época a que mais uma vez 'me tenho referido hoje, de certa imprensa; quanto isso podia agitar a questão fora desta sala; a conveniência no momento angustioso que atravessamos de não provocar grande celeuma em volta destas questões, e terminei por lhe declarar que concordava em que a questão revestia extraordinária importância sob o ponto de vista moral.

Ouviu-me —e não é porque eu queira invocar o testemunho do Sr. Presidente do Ministério e do ilustre parlamentar a que me vou referir, no sentido de dizerem se o que afirmei ó ou não a verdade, porque nunca costumo adulterá-la— mas ouviu-me, além do Sr. Presidente do Ministério, o Sr. Vasco de Vasconcelos, ali chamado em nome do Partido Popular. As palavras que pronunciei foram estas. Portanto, se o contrato foi denunciado e o Sr. Ministro das Finanças está arrependido disso, em todo o caso tinha já o voto de quási todos os Ministros, e eu previ toda a discussão com o carácter aborrecido que ela efectivamente teve.