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Sessão de 27 e 28 de Janeiro de 1921

hospital, onde também não conseguiu entrar, e, ao regressar, quando o tiravam da maca e sentavam na soleira da porta, o pobre operário expirava, abandonado como um cão vadio, depois de ter dado o seu saber e o seu trabalho em prol da sociedade.

Um outro estabelecimento para que desejava chamar a atenção do Sr. Ministro do Trabalho ó o Colégio da Regeneração, colégio por demais conhecido em' todo o país, onde esse benemérito o padre Ariosa consegue transformar mulheres degeneradas em seres úteis à' sociedade.

Pois, Sr. Presidente, este estabelecimento também tem de fechar as suas portas.

Revolta-me ver que o poder central não acuda a esses estabelecimentos de caridade, com a necessária urgência, mas que em compensação —eomo outro dia li— a verba para o aquecimento do Teatro de S. Carlos seja reforçada com a importância de 9 contos.

Mas, não é de agora que esta falta de estímulo e esta falta de assistência se notam, e vou, a propósito, referir-me a um caso típico.

Numa vila vizinha de Braga, a Póvoa de Lanhoso, existe um benemérito que distribui parte dos seus rendimentos pelos pobres da sua terra.

Assim, transformou aquela vila, mandando construir casas e um bairro para operários, que aluga quási de graça, além dum hospital modelo, que verdadeiramente admirou o Sr. Presidente da República, quando S. Ex.a esteve no último ano no Gerez, e lá foi convidado para o ir visitar, tendo eu tido a honra de também acompanhar na visita o venerando Chefet do Estadp. Naquele hospital nada falta, e quando o Sr.' Presidente da República lhe dirigiu os seus agradecimentos por aquela grandiosa obra, o Sr. António Ferreira Lopes, com a modéstia que lhe é própria, respondeu que tinha dado carta branca para adquirir o que de melhor houvesse para o hospital e que se melhor não estava a culpa foi dos técnicos, que não poderam encontrar melhor.

Pois, Sr. Presidente, este benemérito, apesar dos actos praticados, ainda não teve uma portaria de louvor, que aliás ó dada a qualquer regedor de aldeia.

Era para isto que desejava chamar a atenção do Sr. Ministro do Trabalho, mas como S. Ex.a não está, eu peço ao Sr. Ministro da Guerra a fineza de transmitir a S. Ex.a estas minhas considerações, na certeza de quê, se não se acudir com urgência ao estado aflitivo desses vários estabelecimentos de caridade, eles terão de fechar as suas portas, o que sem dúvida representa um a calamidade.

Tenho dito.

O Sr. António Mantas: — Sr. Presidente : também peço a atenção do Sr. Ministro da Guerra para as considerações que vou fazer, a fim de S. Ex.a me obsequiar transmitindo-as ao seu colega do Interior.

Na Guarda, como V. Ex.a sabe, o clima ó frigidíssimo, chegando a temperatura, nesta quadra do ano, a atingir doze graus abaixo de zero. Pois essa circunstância, aliada a uma má remuneração aos agentes de polícia, como, de resto, se dá em todo o país, faz com que daqui a pouco a cidade da Guarda não =tenha, sequer, um polícia para nela manter a ordem. Efectivamente, não é com 51$20 que um polícia pode viver na Guarda, tanto mais com o rigoroso clima dessa cidade, que traz a necessidade de bons agasalhos e duma forte alimentação.

Peço, pois, ao Sr. Ministro da Guerra o favor de transmitir ao seu colega do Interior o desejo que^eu tenho de que S. Ex.a olhe com todo o carinho e cuidado para as más condições da polícia não só da Guarda, coma de todo o país, visto que é de todos sabido que o país anda positivamente a saque e sobressaltado com os inúmeros assaltos que se dão nele. E o Sr.- Ministro do Interior não deve esquecer que a polícia da Guarda tem direito a uma melhor remuneração, visto que trabalha num clima extremamente rigoroso.

Peço ainda a V. Ex.a, Sr. Presidente, que comunique ao Sr. Ministro da Instrução a necessidade que eu tenho de o ver presente amanhã antes da ordem do dir, para tratar com ele dum assunto que reputo absolutamente, urgente, por isso que diz respeito a um decreto que considero ilegal.

Tenho dito.