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JSèssão de 22 de Fevereiro de 192 í

presto mais atenção do que aquela que se presta ao fumo de um charuto.

Não venho para isso.

Venho dizer que se confirmam aquelas palavras que da cadeira do Ministro disse ao país, e venho, como Deputado, no uso de um direito, não apresentar-me, como um réu, para ser julgado pela Câmara, mas para acusar aqueles que me acusavam, quando estava ali sentado.

Foi esse acto que me levou a pedir a demissão.

Teria muito prazer se os factos se não confirmassem, mas, infelizmente, são infalíveis ; e, quando desejava, no íntimo da minha alma, que as minhas palavras se não confirmassem, vejo dolorosamente a sua confirmação.

O que disse aqui?

A propósito da nossa situação cambial, quando se discutiu o caso da Agência Financial do Eio de Janeiro, disse que caminhávamos alegremente para a ruína, que caminhávamos alegremente para uma situação desesperada, e, como ela se pode tornar inevitável dentro de três dias, pelas condições que apontei, e em que não quero ter responsabilidadcs, vou falar.

Fui até onde podia. Não quero que se diga que saí do meu lugar para assumir o lugar de Deputado e depois falar, dizendo que não tinha razão quando afirmei determinadas cousas.

Afirmei que em 4 de Fevereiro começariam as nossas primeiras dificuldades. Começavam pagamentos que se haviam de efectuar lá fora.

Consegui, por diligências feitas junto de bancos credores do Governo Português, que esses pagamentos fossem espaçados por mais um ano.

Portanto, as dificuldades que começavam em 4 de Fevereiro, tornavam-se menores por essa circunstância.

Em quanto estive no Ministério das Finanças consegui que me vendessem pela Agência Financial qualquer cousa como 500:000 libras, e poderia continuar a comprar mais algumas. Mas o que.é facto é que o Estado português tem até Maio de comprar mais de 1.200:000 libras, e tem até 4 de Março de obter 700:000 libras.

^Oncfô nos vai conduzir isto?

Com a minha demissão pude facilitar o

meio de evitar esta situação e obter-se o dinheiro necessário aos nossos encargos.

Com a minha demissão, aqueles que apregoam o seu talento ainda podem provar a sua boa-vontade, conjurando o terrível desastre.

Devo dizer que, tendo começado a comprar libras por intermédio do Banco Português e tendo dado determinadas ordens para se comprarem libras, observei que o câmbio começava a baixar e que essas libras ficavam ao Estado por um preço exagerado.

Dizem-me até informações particulares que andam empregados de determinados Bancos a comprar libras na praça, a fim de mais tarde poderem vendê-las ao mesmo Banco.

Estes e outros manejos têm feito a depreciação cambial, e, por eu o saber, saí, visto não poder arcar com essa responsabilidade que outros tinham criado com as suas paixões políticas. Eu é que não podia continuar dessa forma, mas os políticos que tinham criado para a sua terra uma tal situação que fiquem com essa responsabilidade.

Eu, Ministro da República, que saí vo-luntàriamante daquele lugar e que os políticos -não conseguiram derrubar, venho deste lugar de Deputado dizer que não sei para que é que está destinada esta terra. O câmbio entra hoie na casa dos 5. Pára-aí? Não sei.

É preciso que o Ministro que se sentar aí tenha a força, suficiente para meter na ordem toda a gente. Eu é que, na situação em que estava, não podia fazer nada. Deixo isso à responsabilidade dos políticos que criaram esta situação, em que se anda quinze, vinte e trinta dias para arranjar um Ministério, que há-de derrubar-se daqui a dois meses.

Eu, como Deputado, não discuto casos mínimos. Para mim tanto me faz que discutam ou não certo despacho meu. Não me importa nada com esse fogo fátuo.

Venho aqui dizer que o dia 4 de Março se aproxima e que se verificam as minhas provisões, aquilo que eu disse nesta Câmara.