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Sessão de 24 de Fevereiro de 1921

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O Kei da Bélgica ao inaugurar recentemente o Cangresso colonial de Bruxelas disse: «que já, lá vai o tempo em que a colonização dos países longínquos era relegada para um. segundo plano. Hoje a política colonial deve tomar o primeiro lugar no âmbito das nossas preocupações. A Bélgica deve ser uma grande potência africana».

. Estas mesmas palavras aplicadas a Portugal devem ser a divisa de todos os portugueses que se preocupam com os destinos do seu país. (Apoiadas).

Mas ó consolador constatar que já há muitos anos um dos mais altos espíritos da nossa terra, o grande Oliveira Martins, dizia: «£ salvar-nos há no século xix. Angola, como nos salvou o Brasil no século xvn? £ Caber-nos há essa fortuna a tempo de prevenirmos o esfacelamento peia fome? ^Virá antes que nos assaltem complicações graves de ordem externa?

Nestas preguntas, parece-me estar hoje resumido o problema português e pouco viverá quem não lhe assistir ao desenlace» .

Sr. Presidente: falando de colónias, quero saudar esse ilustre estadista que há peuco passou pela pasta das Colónias, o Sr. Ferreira da Bocha.

Em pouco tempo resolveu ele um problema que há trinta anos se arrastava e contrariado sistematicamente pela esteri-lizadora centralização: o dos Altos Comissários, conjugado com os das cartas orgânicas e conseqiiente reforma do Ministério.

Eu que já fui governador colonial e fui companheiro de António Enes na sua primeira viagem a Moçambique sei bem o que era essa centralização, osso gar-rqte, como se íôsse possível administrar a 10:000 milhas de distância países enormes, com decretos, portarias e telegramas.'

Quantas vezes ouvi eu dizer ao primeiro Alto Comissário que ao ver na colónia os resultados riaes de medicas que promulgara, como Ministro das Colónias, se sentia vexado! Como essas nossas colónias não estariam bem mais adiantadas, esses belos países, sequiosos da vida intensa e fortes já nas suas aspirações de progressos que se constituem padrão imorredouro da energia indómita dos nossos maiores, são também testemunho de

que alguns homens de hoje guardam intactas as virtudes do passacfo. (Muito bem}.

Se Fontes, quando recebeu uma representação com 00:000 assinaturas contra o caminho de ferro de Lisboa ao Porto, pusesse de parte o seu programa, talvez que os meus colegas que são do norte não chegariam, a passar o entrudo em família apesar de durar doze dias este ano, por terem de ir a cavalo. (Risos). '

Se o grande António Enes, nomeado Alto Comissário em Moçambique e de fac|o comandante em chefe cia expedição ao Gungunhana tomasse a sério as arremetidas que os jornais da metrópole lh.e levavam mesmo daqueles que haviam contribuído para que ele fosse investido de tam elevado cargo, se retirasse no primeiro paquete, talvez que não estivéssemos a esta hora na posse de Moçambique. (Apoiados).

Se o não menos grande Emídio Navarro se deixasse vencer pelas violentas campanhas que durante anos teve de sustentar a esta hora não haveria porto de Lisboa, nem Aprestas, nem agricultura.

Se o Sr. Norfon de Matos ao caírem--Ihe debaixo dos olhos os primeiros célebres papelinhos, acusando-o de receber dos aliados uma libra por cada soldado, abandonasse o Ministério da Guerra, certamente a esta hora estaríamos cobertos de vergonha e sem colónias. (Apoiados).

Se alguns Ministros nossos tivessem tomado a sério a pretensão das associações comerciais e industriais do país a que não fosse consentida as colónias criarem indústrias, elas ficariam eternamente depósito apenas de degredados e de matérias primas.

Sr. Presidente: disse que a marinha mercante é cada vez mais factor decisivo da prosperidade nacional. Assim se pensa em todos os países, marítimos mais do que nunca depois da guerra dada a situação económica de todo o mundo ; diz-se que só os navios que nos couberam valem mais de 300:000 contos. Mas quantas vezes essa soma não entrará para a economia nacional, se eles forem bem aproveitados e se leis sábias de protecção à marinha mercante forem votadas com urgência.