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Diário da Câmara dcs Deputados

O Sr. Vitorino Guimarães: — Sr. Presidente : ouvi as considerações do Sr. Presidente do Ministério, mas entendo que para o caso presente não têm razão de ser.

A questão das reparações é uma das mais graves e importantes para o País, e desde que ela foi levantada a propósito da apresentação do Governo, e visto que eu tenho a minha responsabilidade ligada à maior parte dos trabalhos feitos sobre reparações, pois que tive a honra de ser Delegado do Governo da República junto da comissão que tratou desse assunto., durante alguns meses, entendo que é este o momento para se fazerem declarações e esclarecer o caso; tanto mais que desse esclarecimento a Câmara pode colher alguns elementos para melhor ficar orientada sobre qual é a política que o Governo vai seguir sobre o assunto, mesmo que, como disse, é para mim e deve ser para toda a Câmara o mais grave e importante que temos neste momento. (Apoiados).

Entretanto, se Y. Ex.a quere, embora me custe falar não estando presente o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, e se o Sr. Presidente do Ministério se dá por habilitado, eu, para não se interromperem os trabalhos, farei as minhas declarações.

O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior e interino da Agricultura

(Bernardino Machado): — Sr. Presidente : eu estou inteiramente ao dispor do Sr. Vitorino Guimarães.

O Sr. Presidente: —Pode entãoV.Ex.'1 usar da palavra.

O orador não reviu, nem o Sr. Presidente do Ministério fez revisão das sua,? 'declarações.

O Sr. Vitorino Guimarães: — Sr. Presidente: desde já há muito que me trazia preocupado a maneira como têm sido dirigidos e orientados os nossos trabalheis junto da Comissão de ReparaçOes; e, para que não se julgue que de qualquer forma as minhas palavras vão envolver qualque:" ofensa ou agravo para o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, eu devo declara:? que mesmo durante a minha estada como delegado da Comissão de Reparações, eram

constantes os protestos que tinha de formular pela falta de elementos para cabalmente desempenhar aqueli importante e honrosa missão que o Governo me confiara.

Essa questão, em vez de melhorar, ia piorando cada vez mais. Desde a minha estada em Portugal, tive conhecimento de variadíssimos factos a que é necessário acudir com providências imediatas, pois de contrário ticará enorrnemonte prejudicado o País. E foi para chamar a atenção do Parlamento para este ass cinto que eu, há aproximadamente um mês, enviei para a Mesa uma nota de interpelação ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros acerca dos serviços da delegação da República Portuguesa junto à Comissão de Reparações.

Naturalmente, por motivo da crise ministerial, que se prolongou darante muito tempo, o Sr. Ministro ainda não se deu por habilitado, nem tam pouco enviou alguns documentos que eu ha da pedido e que julgo indispensáveis.

Aguardei ainda mais algurs dias e não podia aguardar mais, porque a questão era verdadeiramente inadiável. Assim, logo que o Governo se apresentou, perguntei ao Sr. Ministro se se dava por habilitado a responder à minha interpelação, pois, no caso negativo, apesar da muita consideração que tenho por S. Ex.a, passaria por cima dessa declaração, e trataria do assunto em negócio urgente.

Ontem não me foi possível vir à sessão nocturna, e hoje, ao sair de casa, fui surpreendido pelo relato do que se passou nessa sessão nocturna, sabendo que o assunto tinha sido levantado nesta Câmara.

E foi pena que tam tarde o soubesse, e que as minhas ocupações oficiais me não deixassem voltar a casa, antes de vir à Câmara, porquanto faria a minha exposição em face dos documentos que eram absolutamente indispensáveis para esse fim.

Porém, como todos os assuntos passaram pela minha mão, creio que à memória me será bastante fácil, para dar à Câmara aquelas informações que julgo indispensáveis e convenientes.