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Diário da Câmara dos Deputados

^Se a missão da imprensa periódica fosse idêntica à do Diário das Câmaraé-, a que vinha toda a despesa feita com a confecção deste?

-d. consciência de muitos dos nossos colegas eu pregunto se não têm solicitado muitas vezes as notas taquigráficas dos seus discursos, para que as suas palavras sejam publicadas textualmente, tanto quanto é possíveL

O Sr. Plínio Silva não tinha o direito de dirigir-se à imprensa pela forma que usou no seu discurso. Se, porventura, alguns jornais, por vezes, não fazem a publicação exacta do que aqui se passa, deve reconhecer-se que não corresponde isso a um propósito de faltarem à verdade, mas sim, a deficiência de informação, porquanto muitas vezes aqueles que tentam reproduzir o que nós dizemos, não o podem fazer cabalmente, ou porque não ouvem tudo, ou porque não sabem reproduzir.

Até mesmo contra o Diário das Câmaras eu já tenho ouvido protestos, e, todavia, V. Ex.a e a Câmara sabem que os Srs. taquígrafos procuram cumprir o melhor possível o seu dever. Ninguém mesmo duvida de que os Srs. taquígrafos estão aqui na boa intenção de cumprirem o seu dever.

Sr. Presidente: é preciso que o Sr. Plínio Silva não se esqueça de que o relato imparcial dos acontecimentos é uma cousa e outra ó o direito de crítica dois jornais.

O direito de crítica é livre.

Falou também S. Ex.a da crítica feita nos jornais ao Sr. Cunha Leal.

Sou jornalista republicano. Tratei sempre S. Ex.a como devia tratá-lo. Tive sempre o máximo respeito pelas suas elevadas qualidades de inteligência e de cidadão. Nunca escrevi nem deixei escrever qualquer cousa que pudesse significa:: menos consideração por S. Ex.a mas a verdade ó que não aceito que se possam fazer restrições a ninguém que queira usar livremente do seu direito de criticar os homens públicos, ferindo mesmo o nota humorística, crítica que muitas vezes os leva a corrigirem os seus erros.

Não tenho, como já disse, nenhum* agravos dos trabalhadores dos jornais, nunca deles os recebi.

Sinto os casos deploráveis que se têm

passado e declaro que não quero, de maneira alguma, que o meu nome apareça confundido nestas lutas que se estão fazendo de palavras a mais e por vezes de argumentos a menos.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, quando o orador haja devolvido as notas taquigráficas.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Domingos Pereira): — Sr. Presidente: Permita-me V. Ex.a que eu vá, contra vontade minha, infringir as praxes regulamentares interrompendo o debate. Por várias vezes tenho tido ;i tentação de pedir a V. Ex.a a palavra, todavia, em obediência a essas praxes tenho-me conservado silencioso. Como, porém, já se começa a fazer especulação com o meu silêncio, eu não posso por mais tempo continuar calado, para que se não comprometam os interesses nacionais que devem ser respeitados.

Permita-me ainda chama]' a atenção dos representantes da imprensa que me estão ouvindo para o assunto de que me ocupo, que é de tal maneira grave, que os mais sagrados interesses do país estão sendo mal tratados.

O jornal de Lisboa A Pátria e o jornal do Porto O Primeiro de Janeiro inseriram notícias, em que é redondamente falso o que se afirma tanto num como noutro periódico.

Nunca o Governo português deixou de enviar os documentos que lhe têm sido pedidos de Paris; nunca eu deixei de ter o mais escrupuloso cuidado aos serviços que estão a meu cargo.

Era necessário que eu fosse um cretino bastante audacioso para, tendo praticado os actos a que estas notícias se referem e vendo que elas se tornaram públicas, me conservasse um momento só que fosse na minha cadeira de Ministro.

Eu desejaria que assuntos desta natureza não fossem tratados na imprensa do meu país, sem que primeiro se buscasse lealmente saber da sua veracidade.