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Sessão de 10 e 11 de Março, de 1921

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com isso nenhuma inconfidência, porque nenhum carácter reservado têm essas declarações, pois pelaprópria comissão foram publicadas em toda a imprensa mundial.

Quando se tratou da conferência de .Bruxelas, que precedeu a conferência de Spa, devido aos esforços do Sr. Afonso Costa, a quem o País tam relevantes e inúmeros serviços deve, como ao Sr. Teixeira Gomes, ia habilitado com a súmula das nossas reclamações.

Nessa ocasião ainda não havia cousa alguma precisamente estabelecida, nem elementos próprios, a não ser uma memória sobre os prejuízos económicos e financeiros de Portugal durante & guerra.

Foi com esses trabalhos que se formulou a primeira conta em que Portugal apresentou as suas reclamações.

Tivemos de pedir apenas a 5.a rubrica geral, e assim apresentou-se aquela quantia, que tem servido sempre de base às reclamações portuguesas, e que, se bem me recordo, é de perto de dois biliões de escudos.

Vem a propósito dizer, para salvar responsabilidades e para que não se faça sempre o juízo de que os homens públicos que andam na política nada sabem geralmente das cousas que praticam, que não é verdade que Portugal apresentasse em escudos as suas reclamações, quando os outros poises as tinham apresentado om libras e em francos. Era realmente fazer muito pouco do cuidado daqueles que estavam encarregados desse serviço imaginar-se que .se ia apresentar uma conta em escudos.

A conta foi apresentada em libras, e alcançou a importância de 452 ou 456 milhões de libras. Efectivamente para justificar-se essa quantia pôs-se ao lado o valor desse dinheiro em escudos, em francos e em marcos, e a nossa conta foi apresentada assim,em quatro moedas.

Essa conta causou uma certa admiração, talvez uma certa estranheza à Comissão de Reparações, porque não contavam certamente que Portugal, tendo ido combater r:o conflito europeu, tivesse no emtanto um principal papel de beligerante nas colónias, donde lhe advinham justamente os seus prejuízos mais importantes.

A parte jurídica defensável deve-se ao Sr. Afonso Costa.

Devo chamar a isto a primeira memória subsidiária.

Dadas as observações apresentadas pela Comissão de Reparações, depois duma conferência que se realizou entre mini e o Sr. Afonso Costa, por parte do Governo Português, e os delegados ingleses nessa comissão, ficou assente que nós apresentássemos uma conta mais detalhada.

Fala-se muito iia prodigalidade dos nossosf delegados à Comissão de Reparações. É preciso não conhecer o Sr. Afonso Costa, não saber a ferocidade que ele mantém na economia dos dinheiros públicos, para se supor que S. Ex.a foi em alguma cousa pródigo nas despesas públicas.

Pois deu-se um facto, por absoluta necessidade do momento, que serviu para alvejar o Sr. Afonso Costa e dizer que ele me queria proteger.

• S. Ex.a tinha, num prazo muito curto, de apresentar a conta de Portugal. Não tinha elementos, a Comissão Executiva da Conferência da Paz de Lisboa respon-deu-íhe que á maior parte lios processos estava por ver e que seria muito difícil dar-lhe com brevidade aqueles elementos de que elo necessitava.

Foi então que o Sr, Afonso Costa mandou um telegrama para aqui pedindo que o Sr. Vieira de .Matos, o Sr. Portugal Durão e outros marchassem imediata-tamente para Paris, a fim de ele não passar pelo vexame .de chegar à Conferência de Spa e dizer que não tinha feito .a respectiva distribuição de verbas.

Foram esses senhores para lá, com os elementos que puderam alcançar, e assim se organizou uma segunda conta, em que, para se mostrar a seriedade do Governo da República, não se aumentaram as somas totais nem num centavo, tomando-se o compromisso de que daí para diante, fossem1 quais fossem as reclamações, nunca se aumentaria a soma total, o que faríamos era distribuir as quantias globais pelos vários números correspondentes ao anexo 2.° da parte oitava do Tratado.