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Diário da Câmara dos Deputados

O Orador: — Sr. Presidente: dito isto, não surpreenda V. Ex.a a afirmação que vou fazer.

Não quero dizer quê o Sr. Vitorino Guimarães, cuja correcção de há muito conheço, esteja envolvido no que eu não tenho dúvida nenhuma de classificar de -uma cabala dirigida contra o óovêrno na própria ocasião em que ele se apresenta a esta Câmara; cabala de que tive conhecimento logo no primeiro dia em que só fez a sua apresentação, porque mo foi dito, e também a outros membros do Governo, que o ataque para o derrubar devia ser muito diferente dos que se têm seguido para derrubar os Governos anteriores.

Apartes.

O Sr. Evaristo de Carvalho (interrompendo):— Isso não é modo de responder às considerações que acabam de ser feitas deste lado da Câmara.

Apartes.

O Orador: — Eu já declarei que não admitia a possibilidade de o Sr. Vitorino Guimarães estar metido nossa cabala, e esteja o Sr. Evaristo de Carvalho seguro de que não deixo de responder n tudo que foi dito, sendo também certo que o Sr. Vitorino Guimarães não necessita da defesa de S. Ex.a, tanto mais que lhe não fui desagradável.

Não me surpreendeu o que me foi dito, e que deve ter sido dito «, mais pessoas, de que a tática a seguir para derrubar este Governo devia ser diferente da tática usual.

• Ia-se tratar de questões administrativas por cada um dos Ministérios, começando pelo Ministério dos Estrangeiros, e, em-quanto o primeiro Ministro atacado não abandonasse o Ministério, não seria visado outro, dentro da mesma tática e da mesma cabala.

Sr. Presidente, o Governo está fazendo a sua apresentação a esta Câmara, e trata-se do debate político.

Estão fora do debate político as assuntos tratados, que são assuntos graves e melindrosos, e, se é certo que as praxes parlamentares andam há muito tempo esquecidas e postas de lado, entretanto há uma praxe salutar que bom é que fosse estabelscida: que quando se tratasse de

assuntos que correm pela pasta dos Negócios Estrangeiros, principalmente, houvesse uma prudência especial e se procurasse prevenir o Ministro, não fosse ele arrastado, pela necessidade da sua defesa de ficar bem perante os seus contemporâneos, como português, a esquecer as conveniências que a sua situação lhe impõe. (Apoiados).

Podia acontecer que a necessidade da sua defesa o obrigasse ao use de elementos, ou de documentos que, uma vez usados, pudessem dar lugar a que ao Ministro íôsse atribuída uma imprudência ou inconveniência.

Não fujo às minhas responsabilidades. Nunca fugi, e não estou disposto a fugir. Tenho a consciência de que hei procurado defender, quanto em mim coube, os interesses nacionais.

Tenho a consciência de que tenho procedido com todo o zelo, de que tenho empregado todo o cuidado na defesa dos interesses da Nação.

Ocupo esta cadeira sem a ter solicitado.

Ocupo esta cadeira, porque b Sr. Presidente do Ministério disse que era indispensável que eu fizesse parte do Governo.

Disse a S. Ex.a que o grupo de que faço parte não precisava, para dar apoio ao Governo, de ter representação dentro dele.

Não levantei a menor dificuldade para a constituição deste Ministério, como não tenho levantado dificuldades para a constituição dos Governos anteriores, e até é dispensável relembrar à Çimara que, quando era Presidente do Ministério o Sr. António Granjo, demonstrei que não me moviam ódios ou malquerenças contra ele e por isso lhe prestei todo o apoio que podia prestar a esse Governo. Tenho procedido assim porque há muito tempo entendo que, como português e republicano, é indispensável acabar esta série de governos instáveis, que não fazem senão grande mal ao País e à República, e até mesmo ao prestígio dos homens públicos.