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Sessão de 10 e H de Marco de 1921

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me pareceu entrever nas palavras de S. Ex.a

O Sr. Vitorino Guimarães pediu a demissão de membro da Comissão de Reparações antes de eu ser Ministro dos Estrangeiros. (Apoiados}.

Tomei conhecimento do seu pedido de demissão, e a primeira cousa que fiz foi instar com S. Ex.a para continuar.

Eu sabia, e S. Ex/1, porque o disse em documentos do Ministério dos Estrangeiros, que os interesses da Nação podiam ser gravemente prejudicados, se se não fizesse uma substituição rápida e imediata de S. Ex.a na Comissão de Reparações, visto que era necessário que outro delegado partisse com grande antecedência, a fim de -o Sr. Vitorino Guimarães ter tempo para o habilitar com o conhecimento dos elementos que tinha em estudo, e até para se pôr em contacto com organismos com os quais os delegados portugueses tinham de tratar.

Peço a V. Ex.a o favor de rectificar as minhas palavras se, por lapso de memó-sia, visto que estou falando de improviso, for levado a fazer, porventura, qualquer afirmação menos certa. E se não fora estar na situação dum Ministro que teve a honra de ter estado num Governo presidido pelo Sr. Álvaro de Castro, cujo fim próximo, para mim, não tinha dúvida, eu teria^ logo que entrei no Ministério dos Estrangeiros, depois de convencido pelo Sr. Vitorino Guimarães de que era inútil qualquer intervenção minha para a continuação de S. Ex.a na Comissão de Reparações, teria imediatamente chamado um delegado para o substituir.

Não o fiz, e já disse à Câmara as razões por quo não o fiz. Disse-o na altura em que este assunto foi aqui tratado. Disse-o quando pertenci ao Governo Li-berato Pinto.

O que eu não queria que se dissesse é que pretendia mandar para lá, para essa sinecura, aproveitando-me da minha rápida passagem no Poder, alguém, porque é considerado sinecura por muitos esse lugar.

S. Ex.a mesmo mostrou a sua mágoa por virtude de funções dentro desta Câmara, em relação ao trabalho.

Mostrou 'mesmo que a maneira por que estava sendo apreciado era uma das causas pelas quais abandonava o seu lugar;

e que, apesar do trabalho intenso indispensável da comissão, é considerado esse lugar uma sinecura, pretexto para repouso em Paris, cidade de divertimentos e de luxo. x

1 Não quis mandar então para a «sinecura» amigos meus, porque, ainda que o não fossem,' passariam imediatamente por sê--lo, visto que os tinha enviado a Paris para «siuecura», para se divertirem. ,. Foi o Sr. Melo Barreto que tinha sido Ministro antes de mim, e que tinha conhecimento especial dos assuntos a tratar na Comissão de Reparações, convidado.

S. Ex.a respondeu que recusava essa missão.

Eu não quis aceitar esta recusa que me foi dada, e -pedi a S. Ex.a que reflectisse bem até o dia seguinte, em que iria pela sua resposta definitiva, e desejaria que fosse aceita essa missão.

Procurei de novo S. Ex.a Renovou as suas razões, declarando que não aceitava. ,Estava já declarada a crise ministerial, e deixei- para o meu sucessor o encargo de preencher os lugares na Comissão de Reparações.

•Demissionário, já-assim ninguém^ diria que, estando à borda da morte ministerial, aproveitava insofridamente, como um avarento, uma situação boa em Paris para amigos meus.

Mas, infelizmente, o meu sucessor fui eu próprio, e então não tive medo de preencher as vagas dadas nessa Comissão.