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Sessão de 10 e J l de Março de 1921

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para agora tratar, como já disse; só quero ^referir-me à questão das reparações.

E essa que é urgente resolver, sob pena de sofrermos os maiores prejuízos e vergonhas. (Apoiados).

Sr. Presidente: coineçou-se então a tratar de pedir todos os documentos, até que, em princípios de Outubro, quando me retirei da Conferência de Bruxelas, recebi um pedido da Comissão de Reparações, marcando o dia 1.° de Dezembro para eu entregar a memória dos prejuízos porta-gueses.

Começou novamente o meu martírio, e inútil, porque por mais que pedisse nada consegui. Apenas chegaram a Paris, a 4 de Novembro, os documentos relativos a Moçambique e ao prejuízo de vidas marítimas.

Ainda não existe em Paris a conta das pensões militares.

O Sr. António Granjo (em aparte): — j Se ainda há dezenas e dezenas de viúvas a que ainda não foi atribuída pensão!

O Orador: — Como mais nenhum documento me chegasse, e para que Portugal não deixasse de apresentar a memória, distribuí as contas pelas rubricas que eram indicadas na nota, e na data marcada apresentei uma nova memória com a totalidade.

Jii com profunda mágoa que numa entrevista do Sr. Ministro dos Estrangeiros eu vi que S. Ex.a afirmara que a memória tinha sido entregue pelo delegado, dando a entender que fora o actual, quando foi entregue por mim.

Não gosto de me envaidecer, mas não quero que deixem de me íazer aquela justiça a que tenho direito.

Quero reivindicar para mim esse facto, porque nessa memória, como no mais, nenhuns elementos me foram fornecidos além dos documentos de Moçambique. Eu tive de fazer figurar como bons todos os números que tinha dado ecverifiquei pelo número do Moçambique °que as .perdas eram muito maiores do que nos tinham dito.

Assim se mostrou como a Comissão de Reparações tinha procedido, pondo acima de tudofa sua honestidade, embora a perda de vidas fosse muito maior do que pri-

meiramente se tinha afirmado na Conferência de Spa.

Na memória eu tive ocasião de dizer que o Governo Português protestava contra , a cota diminuta que lhe tinha sido dada.

Fundamentado nesse parecer, estabelecia as respectivas reservas e mantinha todos os seus direitos .para, em ocasião oportuna, proceder à necessária rectificação das contas. Ora foi isto precisamente o que se não fez.

O telegrama do Sr. Jaime de Sousa não vem mais do que provar que essa rectificação se não efectuou e que Portugal nada fez.

Mas há mais. Segundo me informam, S. Ex.a o Sr. Ministro dos Estrangeiros afirmou que possuía todos os elementos indispensáveis para poder responder; todavia, quero crer que S. Ex.a não está bem senhor da afirmação que fez. Se são certas as informações oficiais que me foram fornecidas, S. Ex.a não leu à Câmara qualquer outro documento a não ser o referido telegrama, e, nesse caso, eu posso assegurar, sem.receio de desmentido, que S. Ex.a não possui, conio afirma, todos os documentos, por isso que lhe faltam, entre outros, o que se refere às pensões militares.

Foi assim que, dada a responsabilidade que eu tinha ligado ao assunto, em face da falta de apoio que os republicanos obstinadamente recusavam aos trabalhos da comissão e desgostoso pelo não envio dos documentos tam. insistentemente reclamados por mim, me vi obrigado a abandonar o meu lugar junto da referida comissão, no momento em que eu sabia que a minha falta se faria de certo modo sentir.

Não posso, porém, culpar a comissão executiva da Conferência da Paz, nem tam pouco o Sr. Melo Barreto, Ministro dos Negócios Estrangeiros, que tam diligente, se mostrou no desempenho do seu cargo; eu devo apenas culpar o nosso complicado organismo burocrático. (Apoiados}.