O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

42

Diário da Gamara dos Deputado*

pois embora já tivesse chegado a Lisboa o delegado que o Governo tinha mandado a Angola, para ver os prejuízos, a maior parte dos elementos ainda não tinham sido fornecidos às estações oficiais.

Essa .conta foi acompanhada por uma memória verdadeiramente magistral, com os elementos elaborados na parte geral e com a argumentação jurídica indispensável feita pelo nosso camarada nesta .Câmara, o ilustre professor Sr. Barbosa do Magalhães, trabalhos que o Sr. Afonso Costa aperfeiçoou, dando-lhe aquele brilho e aquele tom de convicção que ele sabe dar aos seus trabalhos, principalmente quando disso algum bem pode resultar para o País e para a República. (Apoiados).

Mas essa memória ainda a podemos considerar subsidiária.

Foi essa conta, com os argumentos de convicção que o Sr. Afonso Costa apresentou e defendeu que, depois de muitas; dificuldades e desgostos, levou o Conselho de Aliados, mais tarde na conferencie, de Spa, a conceder a Portugal "a importância de 0,75 por cento da compensação que tivesse apresentado o Governo Alemão e mais 37 e meio por cento das quantias que, como indemnização, pagasse qualquer, dos outros países inimigos, que eram a Áustria-Hungria, Bulgária e Turquia. /

Parecia a muitos, e á nós também que, resolvido este ponto, a questão estava completamente assente, e que nem seria preciso, talvez, continuar -com os trabalhos da Comissão de Separações, porque era uma quantia à forfait o que foi distribuído a Portugal e, portanto, Portugal, em todos os casos, receberia a quantia correspondente a 0,75 por cento do quo viesse a pagar a Allemanha. Mas assim não aconteceu, porque a Comissão de Reparações fez sabor que não seria paga qualquer quantia a nenhum país, desde que ela não estivesse devidamente justificada, e até aí da parte de Portugal sabia-se de números dados por documentos oficiais, mas não só possuíam as peças justificativas. Foi depois disto quo como-çou por assim'dizer a organização da memória a apresentar à Comissão de Reparações. Isto não quere dizer que por parte dos nossos delegados não se estivesse á trabalhar desde que o Parlamento Português aprovou o Tratado de Paz;

mas, como disse a V. Ex.a, as duas primeiras memórias apresentadas foram dirigidas ao Conselho Supremo e não à Comissão de Reparações.

Conhecida, porém, essa circunstância a que me referi, tratou de sor o meu primeiro cuidado colher todos os elementos necessários para justificar os números apresentados por Portugal, a fim de que na ocasião oportuna eu pudesse apresentar as contas devidamente justificadas, pois achava que seria a suprema das vergonhas, muito maior que não recebermos^ nada, poder-se dizer que Portugal apresentou uma conta por chantage> pois que a não justificou. (Apodados).

Começaram, então, aqui "odas as dificuldades. Portugal, a não ser quando íoi Ministro o Sr. Melo Barreto, a quem devo prestar toda a justiça, porque sei que teve de andar a mendigar pessoalmente pelos Ministérios para me poder fornecer 'os dados solicitados, Portugal com a sua mal organizada burocracia não nos envio'u nada; por mais que eu reclamasse, nada nos mandavam! Há cousas absolutamente extraordinárias, a que terei ocasião de me referir, principalmente pelo que se refere á tonelagem fluvial, sobre a qual parece-me, pelo que li nos jornais, Portugal i lá nada tem a reclamar, por se ter já acabado o praso para essas reclamações! Mais: só conseguiremos receber alguma cousa da tonelagem perdida em Moçambique, porque o nosso colega, Dias Costa, que assistiu à campanha, lá travada, nos pôde dar alguns esclarecimentos sobre as nossas perdas.