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Diário, da Câmara doa Deputados

dizer, desde já, porque é que eu estou em desacordo.

Eu havia ontem preguntado a mim mesmo porque é que o Sr. Ministro dos Estrangeiros tinha levantado uma questão tam grave e importante, como a das reparações, a pretexto duma simples notícia vinda nos jornais.

Eu tenho preguntado a mim mesmo porque é que S. Ex.% podendo resolver o problema com uma simples notícia oficiosa enviada aos jornais, vinha fazer a este Parlamento uma grande estirada patriótica, envolvendo esse caso no debate político que se estava travando.

Disse S. Ex.a que estava informado de que se preparava contra ele ema cabala política de que, porventura, o Sr. Vito-rino Guimarães era o instrumento inconsciente.

O Sr. Afonso de Macedo:—V.Ex.aestá equivocado. O Sr. Ministro dos Estrangeiros não envolveu a pessoa do Sr. Vi-torino Guimarães nas suas" referências.

O Orador: — Ora essa!

O Sr. Carios Olavo: — O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros declarou peremptoriamente à Câmara que o Sr. Vi-torino Guimarães não estava envolvido nessa cabala política.

O Orador:—Em nada alteram as minhas palavras as considerações feitas pelos ilustres Deputados que me interromperam.

Foi dirigindo-se ao Sr. Vitorino Guimarães que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros falou da tremenda cabala política que se estava urdindo contra o Governo. Foi esta a atitude do Sr. Ministro dos Estrangeiros na sessão nocturna de ontem.

Dizia eu que é lamentável que os Ministros, quando discutem assuntos de ordem administrativa, produzam considerações de carácter político; e é ainda mais detestável que o Ministro dos Negócios Estrangeiros, discutindo um assunto de tanta monta como é o das reparações, faça discursos de carácter quási que estritamente político. Não está- em causa nem o patriotismo, nem a inteligência, nem o republicanismo do Sr. Ministro dos

Estrangeiros ou de quaisquer funcionários públicos.

O que é certo é que o Sr. Ministro dos Estrangeiros, nas suas respostas ao- ilustre Deputado Sr. Vitorino Guimarães, se limitou a discutir o pedido cê demissão do Sr. Vitorino Guimarães e por forma nenhuma sossegou o País.

O Sr. Vitorino Guimarães disse bem alto que, segundo as suas informações, tendo Portugal de justificar todos os seus pedidos até uma data, que elo fixou como a mais recuada, de 20 do próximo mês, só existiam em Paris os documentos relativos aos prejuízos sofridos em Moçambique, não estando sequer averiguados os prejuízos sofridos na metrópole.

Mais afirmou S. Ex.a que uma parte do nosso pedido, quantia aproximada a 100:000 contos, nem sequer tinha ainda rubrica nem um começo de justificação.

A isto respondeu o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros que as cousas não correriam tam más como se afigurava ao Sr. Vitorino Guimarães e aos outros pessimistas.

Isto não é resposta.

O que o Sr. Ministro dos Negócios,Es-trangeiroS' tem de dizer é se os nossos pedidos de reparação estão ou não totalmente justificados; se esses pedidos podem ou não ser justificados, até à data em qne temos de apresentar os respectivos documentos.

O Sr. João Bacelar: — ,;V. Ex.a dá-me licença ?

Eu ouvi mesmo uma afirmação mais Agrave.

O Sr. Vitorino Guimarães disse que, segundo as suas informações, já tínhamos perdido o direito a uma parte da indemnização, por não termos a tempo, no prazo estipulado, apresentado a justificação devida.

O Orador: — Eu vou já tratar ponto.

Se, porventura, Portugal, tendo sofrido prejuízos em importância superior aos que apresentou aos aliados, n,lo pôde documentar em tempo e devidamente os seus pedidos de reparação,