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Portanto, a Câmara está vendo que não podemos perder absolutamente nada do que nos foi destinado, indiscutivelmente, absolutamente nada. Não reste dúvida no espírito de ninguém que há-de'entrar para o Tesouro Português o que lhe é devido.

A Comissão de Separações continua os seus trabalhos, e estou certo de que a liquidação há-de ser certa e honrosa para Portugal.

Sr. Presidente: ninguém impugnou o programa/ nem mesmo o Sr. António Granjo, que fez declaração de oposição : S. Ex.a até considerou tímido o programa, termo que não fica muito bem na minha vida política.

A oposição de S. Ex.a limita-se, pois, a uma fiscalização, podendo, portanto, dizer-se que S. Ex.a é governamental.

A questão principal neste debate é se pode ser conveniente um Governo de concentração.

Vários Deputados já se manifestaram e disseram a sua opinião, entre eles os Srs. Eduardo de Sousa e António Granjo, declarando este que não era possível um Governo de concentração.

l j Como não ó possível um Governo de concentração, se em toda a parte há Governos de concentração?! (Apoiados).

Se na Espanha, na França, na Inglaterra e na Itália pode-se governar com Ministérios de .concentração,

Em Portugal tem havido Governos de concentração.

Em 1914, quando eu fui Presidente do Ministério, foi um Governo de concentração, pois assim convinha.

E porquê? Pelo ciúme, pela desconfiança, aliás, está claro, tam natural. Imaginava-se logo que o Governo partidário, se fizesse a declaração, queria o prestigio do Poder.

Declarámos, efectivamente, a nossa intervenção na guerra. £ E qual era o Governo que estava à frente do País ? Um Governo de concentração, que se chamou de União Sagrada.

Sr. Presidente: os Governos partidários entre nós, por mais serviços que te-

Diârio da Câmara dos Deputados

nham prestado, acabaram sempre pela luta entre os Partidos. Aí está,, por exemplo, que o Governo de 1913, se fez a grande obra da nossa restauração financeira, — e se o fez é preciso lembrá-lo, não foi absolutamente com um Governo partidário, porque era apoiado pelos Unio-nistas,— esse Governo devia então ter contado com a força pública suficiente para durar muitíssimo; pois dentro em pouco tempo nós tínhamos tumultos na rua e no Parlamento, e o Governo caiu.

Aos outros Governos partidários sucederam sempre desastres, até a catástrofre de 1917. Por culpa deles, porém? Não, porque em Portugal é difícil, senão impossível, governar com um só Partido; e sendo assim, temos de governar com uma concentração. (Apoiados).

Mas ó interessante que venha aqui o leader da oposição ...

O Sr. António Granjo: — Ltader, não!

O Orador:—Leader ou chefe, V. Ex.a merece todos os títulos! (Risos). Mas é interessante que S. Ex.a venha aqui combater a concentração governativa. Ela é má, mas a concentração oposicionista é óptima e eficaz, está claro, —porque evidentemente a oposição não é senão uma concentração dos Partidos Evolueionista, Unionista e Centrista. E eu pregunto se ela tem mais coesão do que a coesão dos que estão aqui sentados, que ó uma concentração saída toda da União Sagrada, saída toda da nossa intervenção na guerra. (Apoiados). Esta é à base moral da nossa união e não faltaremos aos nossos deveres. (Apoiados).