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Diário da Câmara dos Deputados

tor da Universidade? Ignoro. O que sei ó quo estamos a braços com. mais uma greve e quo os estudantes já ameaçam com novo manifesto, em que se afirma vão sair novos ataques aos professores c a revelação de cousas monstruosas. Vai ser um lindo espectáculo. Que, quere-nos parecer, com boa vontade e bom senso se teria evitado.

Fosse como fosso, a verdade é que levou novo golpe o ensino. O Sr. Angelo da Fonseca é professor de clínica cirúrgica. Uma cadeira importantíssima. Se a greve se prolonga, e se no fim vem o perdão, como sempre tem vindo, o ano lectivo encerra-se sem quo os futuros médicos recebam novas lições^ de clínica cirúrgica, aliás indispensáveis. E uma cousa grave.

O Sr. Eduardo de Sousa: —K uma infâmia,

O Orador: — E uma infâmia, diz um médico! E se a greve ficar só limitada à Universidade de Coimbra! Mas como vivemos em regime de^ solidariedade, é natural que não fique. E possível e provável que se estenda às universidades de Lisboa e do Porto. E se assim for, e 1=0 contarmos que os cursos livres e os feriados a torto e a direito já reduzem as lições a um número limitadíssimo, o ano lectivo encerra-se sem se saber nada.

Se V. Ex.a, Sr. Presidente do Ministério, (voltando-se o orador para, o Sr, fíer» nardino Machado que representava o Governo] chamar os mais distintos professores de ensino primário e lhes preguntar o que ó esse ensino, com certeza eles lhe

responde:!i que é unia verdadeira mistificação. Só chamar os mais distintos professores de instrução secundária e lhes fizer igual pregunta, deles obterá a mesma resposta. E se chamar os mais distintos professores de instrução superior, pouco menos lhe poderão dizer, pelo menos em ce)*tas f,\culdados.

Desta íbrma, parecia-me preferível que se encerrassem os estabelecimentos de ensine, apHcando-se em cousas mais úteis para o País as somas enormes que eles consomem.

Isto não pode ser, Sr. Presidente. Isto não pode assim continuar.

Visitando este inverno a Faculdade de Letras da Universidade de Paris, tive ocasião de ver como funcionavam ali os cursos livres. Todos os dias o contínuo faz a chamada dos alunos, marcando faltas aos que não comparecem. Os alunos não perdem o ano por faltas. Mas é tomada em linha de conta, quo constituo um motivo de preferencia^ a assiduidade. A certidão de assiduidade é, para vários efeitos, um documento indisper sável. Ninguém lá imagina, sequer, o qi.e seja isto dos alunos se combinarem par-i marcar as férias à sua vontade.

Xom Osto processo de feriados, a propósito e a despro23Ósito, por tudo e pomada. Feriados fora da lei, ao arbí;rio do Ministério da Instrução, ao arbítrio dos reitores e até ao arbítrio dos directores das faculdades. Lá os períodos das férias são os da lei, quo se observam a ::igor. E só em casos cxcopcionalíssimos tia feriados excepcionais. E um povo perdido aquele em que o ensino público se to/na um instrumento, e mais completo e perfeito, da mandriice nacional.

Vê-se, portanto, que bastaria entre nós uma simples alteração nos regulamentos em vigor para coagir os alunos a ir à aula. Issc acompanhado do respeito à lei e ao pudor quanto aos feriados, da parte do Ministério da Instrução e dos chefes dos estabelecimentos do ensino oficial.