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Diário da Câmara dos Deputado*

cito, sujeitaram-se a um concurso pelo qual podiam dar as suas provas de que se encontravam em condições de desempenhar os serviços da sua especialidade, •conforme os novos conhecimentos agora exigidos.

Fazem parto desta- Câmara alguns far-macOuticos que fizeram esse concurso, e, portanto, eles melhor do que ea podem dizer a soma de conhecimentos que tiveram de adquirir para satisfazer as provas desse concurso.

Um desses nossos colegas é o Sr. Jálio Cruz, que, não querendo servir-se de portas falsas, se sujeitou a esse concurso, no qual deu as suas provas, sendo aprovado.

Se o projecto que estamos discutindo fOsse aprovado, resultaria que todos aqueles farmacêuticos que estão nas condições do Sr. Júlio Cruz ficavam sendo dirigidos por uni indivíduo que pode ser e é um grande republicano, mas que não tem competência técnica igual à do Sr. Júlio Cruz e a de outros que estão em igualdade de circunstâncias com aquele senhor.

Se querem premiar quaisquer serviços prestados pelo Sr. Júlio Maria de Sousa, acho melhor que o incluam no projecto sObre oficiais milicianos, aprovado já nesta Câmara e em discussão ainda no Senado. Será isso preferível a vir aqui com um projecto especial, que aproveita exclusivamente ao Sr. Júlio Maria de Sousa.

Não se fala neste projecto — e por isso felicito o seu autor— dos serviços prestados à Eepública, antes e depois da sua implantação, pelo Sr. Júlio Maria de Sousa, cousa que era invocada no outro projecto, mas como este se intenciona em servir aquele mesmo senhor, • a favor do qual já no outro projecto, como disse, se fazia referência aos serviços que ele prestara à República, eu não deixo de lembrar à Câmara que a República já lhe deu a compensação dos serviços que ele prestou à causa republicana antes de implantada como regime do país, fazendo-o membro do Conselho de Administração da Companhia de Moçambique onde vence 200 libras por ano e mais 10 por cento dos lucros, o que tudo somará, pouco mais ou menos, a quantia de 14 contos. Creio que é uma boa compensação!

Posteriormente à implantação da República, não vi que S. Ex.a tonha prestado serviços que mereçam prémio, a não ser ao Partido Unionista, hoje Liberal, em que milita, auxiliando a publicação do jornal A Luta, e socorrendo alguns dós seus correligionários.

Se de facto isso merece prémio, eu julgo que o partido que recebe esses serviços é que deve recompensá-los, e não o país.

Foi da parte dos Srs. Deputados do Partido Liberal, e antigos unionistas, que partiu a iniciativa, quer da emenda apresentada no Senado, rejeitada depois na Câmara dos Deputados e no Congresso, quer do projecto que esta C.imara está discutindo, quer do apresentado pelo ilustre Deputado o Sr. Ferreira da Rocha.

Assim, Sr. Presidente, temos de considerar que este projecto vem favorecer uma certa' e determinada entidade em prejuízo de muitos farmacêuticos, os quais se encontram habilitados a ir ao concurso que devo realizar-se no dia 4 para farmacêuticos do exército, e onde há muitos rapazes que estiveram no Corpo Expedicionário Português.

Assim, Sr. Presidente, se este projecto for aprovado, esses indivíduos ficariam prejudicados, o que não é legítimo, visto que eles não esperavam que se fizesse um projecto de favor para certos e determinados indivíduos, tanto mais para lamentar quanto é certo que, quando em 5 de Outubro se proclamou a República, se disse que ela seria para todos.

O que V. Ex.a e a Câmara deverão compreender muito bem é que os serviços farmacêuticos não podem ser dirigidos por indivíduos que não tenham competência, e a este respeito eu hei-de ter ocasião de ler à Câmara uns documentos que aqui tenho, documentos o:âciais, pelos quais se mostra como são dirigidos os serviços da Farmácia Central de Lisboa.

Por esses documentos se mostra bem que ôles poderão estar muito habilitados para fazer pílulas ou misturas, mas que o não estão para fazer destilações ou análises, serviços estes que se encontram a cargo dos farmacêuticos.

O Sr- Presidente:—Devo prevenir V.

Ex.a que está chegada a hora de se pas-