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Sessão de 20 de Abril de 1921

mães, desesperadamente, perdidamente, vendo-se obrigadas a enterrar os próprios filhos.

Eu pregunto, Sr. Presidente, ^quem há aí que não sinta o horror de tal situação y

jÉ meu dever gritar, mas gritar desesperadamente, no seio desta assemblea nacional, que representa o povo da metrópole'e o das-colónias também, para que se saiba que, em qualquer parte do Oceano Atlântico, a seis dias de viagem de Lisboa, uma parte desse povo que nos elegou e é a nossa força, morre desesperadamente, cruciantemente, martirizada pelo mais cruel e horroroso suplício que se conhece, a fome!

E este meu grito desesperado pretende, tam somente, a acordar a sentimentalidade de todos os Poderes Públicos, de todas as forças dirigentes da Eepública, a fina de que, prontamente, com urgência e com eficácia, sejam socorridos os povos de Cabo Verde, como é necessário e tal como reclamam o progresso, a civilização e os deveres de humanidade.

Que tal suceda no século xx e tam perto da Europa e quási junto das portas de Lisboa, é vergonha que nos enodoa, é mancha que nos não enobrece, nem perante a nossa consciência, nem perante a dos estrangeiros.

Assim pois, preciso é que se faculte a Cabo Verde os meios para fazer face ao furacão da morte que sobre ele perpassa.

E já agora, dada a intensidade da crise, não é com paliativos, nem com esmolas que o problema se resolverá.

Eu bem sei que S. Ex.a o Ministro das Colónias, em nome do Governo e em parte a meu pedido, alguma cousa tem feito nesse sentido, o que muito agradeço, mas isso já agora não basta.

Somente um empréstimo que dê mar-

gem a angariar mantimentos, estejam eles onde estiverem; somente uma determinação clara e precisa, que obrigue os navios dos Transportes Marítimos do Estado a transportar esses mantimentos para Cabo Verde, só isso poderá contrapor-se com eficácia a tam grande mal, a tam intensos horrores.

Para todos apelo, Parlamento, Governo, burocracia, povo, a fim de que imediatamente se providencie, mas sem tibieza nem delongas.

A .crise chegou ao seu auge, o mal é intensíssimo e para os grandes males, os •grandes remédios. (Apoiados).

Tenho obrigação de gritar, implorar, pedir e disso não me cansarei não só como filho dessa província, mas porque sou Deputado eleito por esse povo.

Foi esse povo que me elegeu para aqui virtfalar em seu nome.

B, pois, em nome deles e também em nome do progresso, da civilização e da Humanidade que peço aos Poderes Públicos constituídos para tomarem as medidas necessárias a fim de debelar ou pelo menos deminuir essa horroroso mal que pesa actualmente sobre a província de Cabo Verde-

Tenho dito.

O Sr. Ministro das Colónias (Paiva Gomes):—Estimo deveras ter assistido a parte das reclamações feitas pelo Sr. Vi-riato da Fonseca.

Simplesmente direi que desejaria que S. Ex.a se inteirasse de tudo quanto aí se passa por pessoa autorizada, para verificar que algumas das afirmações feitas por S. Ex.a não são absolutamente exactas.

Quando entrei, parcceu-iur ...ie o. ivx.1'1 se referia a cadáveres insepultos e pouco cuidado talvez-com a higiene L Cólica . . .

O Sr. Viriato da Fonseca: — Que j á não

era tratada com amor . . .

O Orador:—Pareceu-me que S. Ex.a tinha ido tam longe que reproduzia um telegrama do Diário de Noticias.