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Sessão de 4 de Maio de 1921

j E, julgando-se pôr a salvo, tenta lançar as responsabilidades para o Ministro da Agricultura, que de nada fora informado pelo seu director geral!

i E, como V. Ex.as estão vendo, completo em descaramento esse funcionário!

Em face de tarn insólita atitude, ordenei que esse director fosse submetido a uma sindicância, mas até hoje, certamente em nome daquela solidariedade que os Ministros devem uns aos outros, para manter bem alto o prestígio do poder, essa sindicância está por começar e o actual Ministro da Agricultura, não comparece para dar explicações.

Receando porém que eu continuasse no actual Governo, procura desculpar-se com o seu ofício n.° 707, de 5 de Março, e respondeu-me que nunca de forma nenhuma tinha pensado em pôr em dúvida a honestidade do Ministro da Agricultura de então, que é incapaz de lançar suspeições sobre qualquer pessoa, e muito menos sô- = bre um Ministro da Kepública, que as palavras do seu ofício tinham sido mal interpretadas, pois não se referiam a rnim, mas sim à Direcção Geral da Contabilidade Pública.

Passado tempo,.porem, quando havia já a certeza, de que eu não faria parte dês-te Ministério, escreve-me que lhe faltava o ofício citado n.° 54, e que tinha chegado à conclusão, pelas consultas que tinha feito às diversas entidades, de que ele estava em meu poder, mais me informando de que não podia prescindir dele, porque constituía uma prova de que o Ministro de então tinha conhecimento dos créditos abertos.

.V. Ex.as estão a ver que, para quem tem brio e se preza, depois das afirmações que eu aqui produzi no Parlamento, dizendo que as baseava todas em documentos, quanto tal facto me preocupou.

Senti-me em presença dum bandido que de todos os meios se servia para me ferir.

Mas, felizmente, lembrei-me de que, ao meu despacho constante do ofício n.° 5-4, havia uma resposta que, por felicidade, estava registada no livro respectivo.

E tanto fiz que aquele ofício teve de aparecer: estava na Direcção Geral do Comércio Agrícola, contendo o despacho a que já me referi, e não o que ele afirmava.

E assim, com o aparecimento desse documento, foram-se, por agora, as criminosas tentativas .desse funcionário para me envolver em responsabilidades que me não cabem.

E, para mais elucidação, vou ler várias passagens do processo, e do que se fez sobre a aceitação das propostas e respectivos despachos.

Leu.

Nesta altura trocam-sè explicações entre o orador e os Sr s. Cunha Leal e Ministro das finanças, que não foi possivel^repró-duzir.

O Orador: — Devo dizer~que nós estamos desviando o assunto.

O Sr. Ministro das Finanças (António Maria da Silva): — O facto é que não se pode dar o aceito sem ter a certeza de que o Ministro das Finanças está ou não de acordo.

O Orador : — Não digo o contrário disso. Eu nunca dei o aceito sem ter a certeza de que o Ministro das Finanças estava de acordo.

Os meus despachos só foram lançados em face da resposta do Ministro das Finanças.

E, procedendo assim, não quis deixar para quem mo seguisse as dificuldades que me legaram.

O Sr. Presidente:—É a hora de passar à ordem do dia. V. Ex.a tem 4 minutos.

O Orador:—Não posso terminar as minhas considerações em tam pouco tempo.

Tenho muito que dizer, é preciso que tudo se esclareça, a bem'do prestígio da República, e para que o país saiba oomo esse director geral desempenha as funções do seu cargo.

E, como disse que havia factos ainda mais graves de que devo informar o Parlamento, não posso prescindir da presença do Sr. Ministro da Agricultura na sessão de amanhã.

Doa a quem doer, toda a verdade há-de ser dita. (Apoiados}.