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Diário da Câmara dos Deputados

Não se associou S. Ex.a com muita alegria a esse meu convite.

Posteriormente vai S. Ex.:i para a pasta das Finanças, e, com grande espanto meu, vejo que não veio pedir à Câmara apenas dois duodécimos, não ! S. Ex.a pediu quatro duodécimos—Março, Abril, Maio e Junho.

Tinham desaparecido as pressas do moralizar a vida administrativa do Estado; tinham desaparecido as pressas de fazer votar o Orçamento de 1920-1921. E eu nesta hora, Sr. Presidente, apenas faço votos porque o Orçamento de 1921-1922 não leve o mesmo caminho que tiveram os anteriores.

Tendo S. Ex.a ascendido à cadeira de Ministro das Finanças por direito de conquista, pelas afirmações que fizera na oposição, ó para lastimar que até agora não tenha realizado nenhuma dessas afirmações.

Podia atacá-lo. Tinha esse direito. Não o fiz, nem o faço ainda, porque o que estou dizendo não ó um ataque.

S. Ex.a vai talvez sorrir, mas a verdade é que eu tenho tido dó do Sr. Ministro das Finanças.

S. Ex.a meteu-se nas calças pardas do Ministério das Finanças, e a sua situação trágica faz lembrar-me aquele homem a quem Silva Pinto ouvia cantar dia e noite: «Sr. S. Pedro».

O Sr. Ministro das Finanças quere tirar os seus calções pela cabeça, mas a verdade é que não há maneira de os tirar. (Risos).

Sr. Presidente: o Sr. Ministro das Finanças não pode queixar-se do Parlamento.

S. Ex.a não tem sido incomodado pelo Parlamento. Se bem me lembro, nem um único negócio urgente foi aqui posto, relativo à sua pasta.

O Sr. Ministro das Finanças tem trabalhado em liberdade, segundo o que a sua inteligência lhe tem dito.

Tem por certo realizado uma grande obra, que ainda não conhecemos, mas havemos de conhecer. Se não é uma obra grande a oulpa não cabe ao Parlamento. S. Ex.a é o Ministro das Finanças mais descansado que tenho visto no Governo, se porventura não fez já qualquer cousa. Se porventura os seus pensamentos go-vernativos não conduzirem, como espera-

va, este pais à salvação, queixo-se do si, e não do Parlamento. Ninguém aqui lhe íoui posto a casca de laranja em que poderia escorregar. E talvez S. Ex.a a tivesse colocado a outrern.

Sr. Presidente : entremos agora na análise da proposta em discussão.

Não pensem aqueles que nos jornais afirmam que vou íazer uma campanha de ódio contra o Sr. Ministro das Finanças que vou fazer isso. Não pensem mesmo que vou reeditar a campanha feita aqui a propósito da Agência Financial. Seria uma questão impertinente. Seria uma questão fora de moda. As resoluções do Parlamento respeitam-se e acatam-se. Mas quando eu ocupei a cadeira de Ministro das Finanças tive ocasião de fazer várias afirmações.

Disso eu: Trata-se duma qiestão tam importante para a vida do país que aceito neste momento que o erro seja sinónimo de desonestidade. Admito que errar seja desonesto. Ponhamos, porém, a questão claramente.

Se eu errar sou desonesto, mas se os outros errarem serão esses oulros os desonestos.

Sr. Presidente: eu tinha o direito de pôr a questão como a pus quando estava no lugar de Ministro. Mas não o faço. Vou simplesmente demonstrar que outros erraram e que esta proposta é inexequível.

Somos todos honestos. Faço essa justiça aos meus adversários, como tenho o. direito de exigir que o façam a mim próprio. (Apoiados).

Tenho, porém, o direito de preguntar: Quem errou?

Traduzindo uma moção que os senhores aprovaram, o Ministro apresenta uma proposta, e eu afirmo que ela não se pode cumprir.

Sejam quais forem as maiorias que a apoiem, o fim dela é seguir para a comissão, onde irá morrer.

Digo isto sem ter votos da maioria. Julgo que ó a hora do país olhar para todos nós e a todos avaliar. Honestos todos. Todos procurando servár bem o pais.

^Mas quem o queria servir bem e quem o serviu mal?