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Sessão de 4 de Maio de 1921

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Não há dúvida, porém, de que esta questão daAgência^Financial entrou muito na categoria dos desgostos que me impeliram a abandonar a pasta das Finanças.

Não quero, neste momento, reeditares argumentos daqueles que então me atacaram. Vou, por isso, analisar o assunto dêsto debate apenas com os argumentos derivados dos factos e da razão. Não reeditarei, pois, aquela política que eu já tive ocasião de classificar de política do tira-te lá ta para me por eu, e não o farei por muitas razões, mas especialmente porque não desejo ocupar o higar do Sr. Ministro das Finanças.

Assim, os que julgavam que, decorrido tanto tempo depois da elevação a tauí alto cargo do Sr. António Maria da Silva, eu vinha aqui dirigir a S. Ex.a os mais tremendos ataques, ficam desenganados.

Eu sei que o Sr. António Maria da Silva ganhou as suas esporas de ouro através duma campanha violenta, campanha que é preciso recordar ao Parlamento e ao País. Eu sei que S. Ex.a foi, também, o campeão da compressão das despesas. E sei, ainda, que então se estabeleceram duas políticas distintas. Uma, que pugnava pela redução das despesas, para se poder atingir almejado equilíbrio orçamental; outra que procurava aumentar as receitas fazendo pagar aqueles que tinham obrigação de o fazer. O Sr. Ministro das Finanças estava, por esse tempo, na oposição e colocou-se abertamente ao lado dos que gritavam pela redução de despesas. Agora 'que S; Ex.a é Ministro tem ocasião de pôr em prática os seus desejos. Não pregunfei ainda nem preguntarei nestes dois próximos meses se S. Ex.a realiza ou não o seu plano. Dar-lhe hei o tempo necessário para o realizar. Todavia a demora que tem havido em pôr em prática essa tauí decantada redução de despesas dá-me a impressão do que devemos desconfiar do elixir.

O Sr. António Maria da Silva declarou, do seu Jugar de Deputado, que era necessário melhorar os câmbios. E eu recordo-me de uma celebre entrevista dada por S. Ex.a ao jornal O Século, em que dizia-.«Confiança! Confiança! Confiança!»

Com esta mercadoria de confiança, S. Ex.a melhorava as câmbios.

Creio que S. Ex.a uma vez Ministro das Finanças, se as minhas informações particulares não mentem, chegou a pensar em mandar um telegrama, ao jornal o Times, anunciando que o câmbio poderia estar em breve a 20. Creio que dentro duma semana o punha a 7, e que dentro dum mês o poria a 12-, pelo menos-.

Daquela entrevista transparece que a política de S. Ex.a, diversa da minha, havia . de trazer, em pouco, pelo restabelecimento da confiança pública de que S. Ex.a err. o fautor, a melhoria de câmbios.

Esperamos, ainda agora, essa melhoria, mas a verdade ó que não temos dado por ela. Mas isto será uma segunda parte do meu ataque à obra do Sr. Ministro das Finanças.

Hoje não quero senão acentuar que as esperanças que S. Ex.a acalentava duma melhoria de câmbios, caíram. Já não existem. (Apoiados).

Mas, Sr. Presidente, houve um terceiro argumento com o qual S. Ex.a me atacava cqnstautemente.

Por final do mês de Dezembro último se não mo engano, eu, então Ministro das Finanças, trouxe ao Parlamento uma proposta de lei para serem aprovados dois duodécimos, relativos aos meses de Janeiro o Fevereiro. As únicas vozes, só bem me lembro, que aqui se levantaram a defender essa minha proposta, foram as dos Srs. Rego Chaves e José Barbosa. Mas houve alguém, que do lado esquerdo da Câmara, a e levantou a dizer:

j Que audácia pedir dois duodécimos!

l Vamos votar o Orçamento para 1920— 1921! j Vamos já restabelecer a normalidade ria vida administrativa, porque o Estado sem contas não pode viver!

,: j Como se atreve um Ministro a pedir dois duodécimos ! ?

O Sr. António Maria da Silva, então sem as altas responsabilidades quependem agora sobre os seus ombros, ouviu-me dizer o seguinte: