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Diário da Câmaia dou Deputados

«Que tendo-se recusado os polícias indígenas a fazer fogo sobre a multidão, e tendo lealmente deposto as armas, foram, não só humilhados, como barbaramente mortos alguns».

É claro que recusar-se a fazer foge ó sempre militarmente uma insubordinação, mas também mandar fazer fogo contra grevistas não é menos extraordinário.

Torna-se indispensável que aprendamos a defender Portugal e a República, melhor do qne até aqui tomos sabido fazer. Não deixemos ir por diante a degenerescência a que estamos assistindo, e que tanto compromete os destinos da Nação.

E depois queixamo-nos das campanhas dos chocolateiros ingleses. Bem sei que por detrás dessa, campanha estão interesses ilegítimos e é possível que seja tudo mentira. Mas para que o seja de facto e o possamos desmentir eficazmente, tornemos impecável a nossa administração colonial e não consintamos os pequenos déspotas ou caciques coloniais.

A entidade de quem os indígenas de S. Tomé se queixam, tem q nome de Eduardo Nogueira de Lemos. E médico e proprietário da Eoça de Campolide que dizem ter sido formada à custa das plantações dos indígenas!

Parece que ali se dava o triste exemplo de virem depois as tais comissões a dizer que estava tudo bem, porque as plantações eram do tipo europeu!. . .

Nestas minhas expressões não há, a menor censura ao portador da pasta das Colónias, pois tenho a convicção de que muito o contrariam estas cousas. Mas chamo a atenção dos Srs. Ministros presentes, para que comuniquem ao Sr. Ministro das Colónias as queixas que formulo. E necessário que a sindicância a fazer sobre o assunto estudo estas minhas queixas que, repito, não são formuladas contra o Sr. Ministro.

Chamo, pois, a atenção de S. Ex.a, para o que se passa em S. Tomé.

O Sr. Ministro da Guerra (Álvaro de Castro) : — Pedi a palavra, para dizer a V. Ex.a que ouvi com atenção as considerações do ilustre Deputado, Sr. Ladis-lau Batalha, e que as transmitirei ao meu colega das Colónias.

O Sr. Domingos Cruz : — N"os últimos dias a imprensa tem-se feito eco de boa tos sobre presumidas alteraçòes da ordem pública. Por outro lado, as forças públicas tem estado de prevenção, segundo tenho sabido por conversas.

Parece-me que o país assiste com ansiedade a estes boatos. Por isso desejaA-a que alguém dos ilustres Ministros presentes pudesse informar o país-sem prejuízo daquelas reservas que S. Ex,as entendam usar ao falar neste assunto, o que muito conviria, porque a opinião pública não pode estar sujeita a estes constantes boatos alarmantes que prejudicam a economia nacional.

O Sr. Ministro da Guerra (Álvaro de Castro): — Ouvi as palavra;; pronunciadas polo Sr. Domingos Cruz. a propósito dos boatos de que se tem feito eco a imprensa sobre alteração da ordem pública. Devo informar V. Ex.a, Sr. Presidente c toda a Câmara, de que estou inteiramente convencido, de que não haverá nenhum movimento nesta hora que venha perturbar a vida da República. Declaro peremptoriamente. Estou convencido, nem por sombras posso acreditar que haja republicanos tão dementados que venham criar mais um momento de perigo para a República, contribuindo para uma desorganização que não só viria avolumar as enormes despesas do Estado, mas criar também novas e sangrentas perturbações.

De resto — afirmo o bem alto — como Ministro da Guerra estou convencido de que a força armada corresponderá ao apelo do Governo, mantendo a ordem e a legalidade constitucional, se houver alguém que pretenda alterá-la,

K já agora, Sr. Presidente, solicitado pelo Sr, Domingos Cruz a declarações precisas, que de bom grado presto; alguma cousa mais direi.