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Diário da Câmara dos Deputado»

Eu pedi a alguém para me abrir um crédito para isto ou para aquilo;

Kepito, urna cousa é o que eu disse, .outra é o ponto de vista a que se referiu o Sr. António Granjo.

O que eu digo a V. Ex.a é que é legítimo que o Estado possa contratar com qualquer entidade para que possa ter à ordem, em qualquer ocasião, uma determinada quantia, para que possa comprar por um determinado preço certa mercadoria quando o julgar útil para o país.

Eu não gosto do termo «controle».

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Sá Pereira (em negócio urgente sobre ordem pública):—Pedi a palavra, ST. Presidente, para pedir ao Sr. Presidente do Ministério o favor de esclarecer o país acerca do que houver sobre ordem pública.

Sabe V. Ex.a que correm insistentes boatos de que a ordem pública vai ser alterada, fazendo-se a imprensa eco de graves desinteligências no seio do gabinete, afirmando-se que está iminente a queda do Governo.

Desejo que o Sr. Presidente do Ministério nos ponha ao corrente do alcance que podem ter tais boatos e se o Governo tem a certeza de que a ordem será mantida.

Aguardo que o Sr. Presidente do Ministério me dê as explicações que entender, reservando-me o direito de tornar a usar da palavra, se assim julgar necessário.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Bernardino Machado): ^— Estamos nisto.

Em presença de todos os gravíssimos problemas da nação DÓS preguntaraos se há ou não crise.

O Parlamento acha que há crise? Já efectivamente foi votada alguma moção que determinasse a crise? £ Então quem governa neste país? £ Governam os nossos inimigos? Está claro que não podem ser senão nossos inimigos esses que insistentemente fabricam crises.

Estimaria que nessas noticias os seus autores pusessem o seu nome por baixo, para que o país soubesse quem o governa.

Não se trata de saber o que os Governos fazem, quais os seus planos gover-nativos, qual a sua acção. Isso não importa. O que convém saber é se há crise.

Isto, francamente, Sr. Presidente, não é fazer política. O que se faz lá fora é tudo quanto há de mais canibalesco.

Não se atacam os actos dD Governo, ataca-se a, sua própria existência.

Quere dizer, não se quer que haja Governo.

Eu então pregunto à Câmara dos Deputados : ^é isto que a Câmara quere ?

Desde a primeira hora, logo que nos apresentámos ao Parlamento e ao País nós dissemos: o nosso grande mal é a instabilidade governativa.

E ou não ó esse efectivamente o grande mal?

Discutam os actos do Governo. Pecam-lhe conta das suas acções. Agora estar incessantemente, todos os dias, a toda a hora, não o Parlamento, felizmente, mas não sei quem, a atacar a própria existência do Poder, isso ê que não pode ser. Se atacam o Poder atacam as instituições. jii isso que alguém pretende?

E preciso infligir uma condanação formal a todos aqueles que andí.m por aí a agitar. Não é este o momento para isso. Já temos agitadores demais.

Não se passa um período tam tormentoso como aquele que nós atravessámos sem que fiquem fermentos. O que é preciso é não os deixar levedar, o que é preciso é que o Parlamento com o seu Governo, este ou outro, governe.

Há dias, sorridente, como dizem que é a minha expressão habitual, eu disse que era indispensável que o Governo durasse porque sem isso não só resolvem problemas alguns e nós temos de resolver problemas não duma situarão ordinária, mas duma situação extraordinária, e nós devemos estar à altura cessa situação, Governo e Parlamento, '2om toda a fôroa da representação nacional.

É necessário que o Parlamento se imponha e não seja passivo de qualquer influência, porque não podemos entregar o Governo a anónimos que só apresentam como sendo os dirigentes da opú.ião pública ou à imprevidência dos agitadores da rua.