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Sessão de 20 de Maio de 1921

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que entende ser conveniente a sua discussão. (Apoiados}.

Em questão de ordem pública e de carácter internacional, entendo que só nos pederemos ocnpar delas quando o Governo declare não resultar disso qnalquer inconveniente e, assim, muito embora não me restem grandes dúvidas sobre o prévio entendimento entre o Sr. Bernardino Machado e o Sr. Sá Pereira, aguardo declarações do Sr. Presidente do Ministério nesse sentido para me poder pronunciar.

Relativamente ao segundo negócio urgente, está presente o Sr. Ministro das Finanças e, para fazer as preguntas que desejo formular, não necessito da presença do Sr. Presidente do Ministério. O assunto é da máxima urgência e importância, sendo curioso notar que o Sr. Cunha Leal ache que ele pode ser tratado em qualquer outro dia, quando é certo que ainda não ouviu as minhas considerações.

Se a Câmara rejeitar a urgência, terei de me conformar, mas V. Ex.a, Sr. Presidente, não pode deixar de pôr o meu requerimento à votação.

E concedida a urgência.

O Sr. António Granjo : — Sr. Presidente: desejo fazer ao Sr. Ministro das Finanças algumas preguntas sobre um projectado empréstimo que se diz ser da soma de 12 milhões de libras, já realizado provisoriamente, segundo dizem, com algumas casas inglesas e americanas.

Correu hoje instantemente na praça o boato de que o Governo assinara um contrato provisório, pelo qual conseguiu um empréstimo de 12 milhões de libras, sendo destinada essa soma, exclusivamente, à compra de artigos e géneros necessários ao País, e especialmente à compra de trigo.

Correu hoje na praça que esse empréstimo -era feito nas seguintes condições: juro de 7 por cento e um quarto de comissão, e que o Governo tinha consentido no controle das casas com quem tinha realizado esse empréstimo, sobre o emprego da quantia emprestada, quer na origem, por exemplo, na compra de trigo em Londres, quer na execução do próprio contracto no País.

Este boato correu tain insistentemente

na praça, que me obriga a fazer estas preguntas ao Governo, aguardando a sua resposta. Tenho dito..

0 Sr. Ministro das Finanças (António Maria da Silva): — Sr. Presidente : o ilustre deputado Sr. António Granjo acaba de referir boatos que circulam hoje na praça, fazendo-me preguntas acerca da sua veracidade, e houve até uma vez que S. Ex.a se referiu a controle sobre qualquer cousa que eu, confesso, devido às más condições acústicas da sala não ouvi.

O Sr. António Granjo:—Eu resumo as minhas preguntas. Primeira: se o Governo realizou algum empréstimo, embora com carácter provisório. Segunda: em caso afirmativo, se a sua importância está à disposição do Governo, podendo ser aplicada por ele naquilo que julgar necessário à governação pública ou é somente destinado a matéria de subsistên-cias. Terceira: se as casas ou entidades com que o Governo realizou o empréstimo exigiram o controle sobre a aplicação da quantia emprestada.

O Orador: — Sr. Presidente: o Sr. António Granjo, pela situação que ocupa no seu partido e porque já foi Presidente do Ministério e várias vezes Ministro, deve compreender, o melindre que reveste o a°ssunto que tratou...

O Sr. António Granjo: — Nos termos em que o tratei, não pode haver melindre.

O Orador:—Perdão! Se qualquer jornal se ,fizesse eco desse boato, isso não teria importância; mas o assunto tratado por V. Ex.a tem um natural melindre, e e V. Ex.a não pode ver nas minhas palavras qualquer intuito de censura.

V. Ex.a falou em controle em termos tais, que não posso admitir que não desse logo a resposta, não a si mesmo, mas à praça. (Apoiados).

O controle nos termos em que S. Ex.a o põe era absolutamente inaceitável, e V. Ex.a não podia admitir que eu o acoitasse nessas condições.