O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Cessão de 10 de Dezembro de 1922

País, porque no bem dele fora arriscar a sua vida, foi preso na praça pública por um tal Rocha, corticeiro.

; Que voltas o mundo dá !

Y. Ex.a está hojo também nessa cadeira com os votos da extrema direita, que muito apoiou o -Sr. Sidónio. O Sr. Sidó-nio já não está neste mundo. O Rocha, corticeiro, está preso por ter dado duas modestas facadas na própria esposa.

Sr. Presidente: agora, antes de entrar no assunto que me propus tratar, permita-me V. Ex.a que eu faça ligeiras considerações a respeito da comoção política que resultou da eleição de V. Ex.* Ainda bem que essa comoção se deu, pois, devido a ela, eu tive ensejo de ouvir o ilustre leader do Partido Democrático, Sr. Domingues dos Santos, quando da apresentação do Ministério.

S. Ex.a, com aquele desassombro que põe sempre nas suas palavras,- disse que o seu partido daria inteiro apoio, leal apoio, por igual aos Ministros que pertencem ao seu partido e aos dois que não pertencem a esse partido, pois são independentes.

Bela indicação! Já é possírel nesta República haver um Governo que não seja retintamente partidário.

Eu não sou contra os partidos, nem fazia sentido que o fosse, pois tive a honra de pertencer, embora como modesto soldado, ao Partido Republicano Português, que tem escrito nos .seus escudos n, participação de Portugal na guerra, facto a que —diga-se bem alto— Portugal deve a sua independência.

Mas, Sr. Presidente, tom-se dito que eu abuso demasiadamente do figurino estrangeiro, e que cada terra tem o seu uso.

O uso é este em Portugal.

Efectivamente ele vem de longo.

Já no tempo do grande Pombal assim era. O Marquês era tudo, desde juiz de fora ao polícia.

Se o Marques de Pombal vivesse ainda e fosse, por exemplo, o leader da maioria desta Câmara, todos aqueles que tiveram a honra de votar. em V. Ex.a eram garrotados, as cinzas eram deitadas ao mar e os processos eram queimados.

Mas tudo tem uma mudança neste mundo, e hoje o povo, a Nação, não se im-

porta absolutamente nada dos partidos, nem dos seus programas, nem dos problemas que constam'das declarações ministeriais, como a que o Sr. António Maria da Silva recentemente 'aqui nos manifestou numa tonalidade tam triste como aqueles versos que têm os mangericos nas noites de S. João.

Homens de carácter e energia dão todas as garantias a qualquer país estrangeiro, e dum futuro próspero e de riqueza.

Entremos agora no assunto que me propus tratar.

Recorda-se a Câmara do Sr. Ministro das Colónias falar aqui no estado das negociações, roservando-se para fazer mais dcckirações quando o Sr. Freire de Andrade, que então estava doente, entregasse o seu relatório.

O Sr. Freire de Andrade entregou esse documento, e até hoje esta Câmara ainda não teve conhecimento do que ele diz.

Disseram que trata dum assunto da mais alta importância, mas não apareceu esse relatório.

Também não foi presente ao Parlamento o resultado, do inquérito feito por um magistrado português, sobre acusações feitas na ocasião da Conferência da Paz pelo representante da nação inglesa nessa Conferência.

Assim aconteceu também com os relatórios do carácter militar apresentados, já lá vão alguns anos, pelo ilustre general, nosso colega nesta Câmara, o Sr. Sousa Rosa.

Todos estes documentos são duma altíssima importância, e estão guardados na secretaria do Ministério das Colónias.

O Sr. Sousa Rosa : — Há três anos que peço instantemente a publicação do meu relatório. A razão é de que não há dinheiro.

O Orador:—Nem só nós, portugueses, temos sido v-itimas de calúnias e insinuações por parte da África do Sul.

Tais calúnias e insinuações têm partido de desejos mal disfarçados.