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Sessão de 15 de Dezembro de 1922

É ainda conveniente não esquecer a influência que a nossa intervenção teve sÔ-> bre a declaração de beligerância por parte do Brasil.

Pois bem.

óQual foi a compensação ou pelo menos que reconhecimento Portugal teve na Conferência da Paz?

A primeira bola a sair do saco —permita-me a Câmara a frase pouco parlamentar, mas bem portuguesa— foi um memorandum entregue ao Sr. Afonso Costa pelo presidente da delegação inglesa, escrito em termos de pôr os cabelos em pó a todos os portugueses.

Nesse memorandum afirmava-se que os 50 ou 60 documentos que o acompanhavam, eram comprovativos de que os portugueses durante a guerra tinham cometido na África do Sul, crimes de toda a espécie, haviam indisciplinado os indígenas e tinham até entravado o movimento das tropas britânicas.

Ein- virtude destes factos gravíssimos, destas acusações tremendas, o Governo inglês via-se na necessidade de ordenar um inquérito rigoroso e imediato, sob a pressão duma ameaça através dam possível mandato que já se anunciava.

Foi então que um conhecido diplomata inglês veio de avião • a Paris comunicar ao delegado português a grata notícia de que o Governo e o povo inglês viam com a maior simpatia que os territórios de Quiohga passavam à posse dos portugueses.

Eu creio que não estou longe da verdade, afirmando que a resposta 4o Sr. Afonso Costa foi simplesmente a de que o território de Quionga era nosso e que como tal não^ podia deixar de ser considerado ...

O Sr. Presidente:—É a hora de se passar à ordem do dia...

Vozes:-r-Fale. Fale.

O Sr, Presidente:—Em vista 4a maí nifestação da Câmara, pode V. Ex.a continuar no uso da palavra,

O Orador ; — Agradeço à atenção que, acaba de ter para comigo.

Prometo ser breve.

O Governo Português não podia ter' deixado de significar desde logo, pela bo-

ca 4o presidente da delegação portuguesa, que o sentimento nacional se julgava profundamente magoado pelos termos ás? pêros desse memorandum)* mas que, não obstante esse facto, nãp tinha dúvida em mandar proceder a esse inquérito.

Foi efectivamente nómea4o um magistrado dos mais ilustres para proceder a esse inquérito.

$sse magistrado vai à África Portuguesa, está por lá cerca de ano e meio, ouve perto de duas mil testemunhas, percorre principalmente o 4istrito do norte em todos os seus recantos, e, finalmente,, vai à África do Sul, onde convida os acusadores a formularem as suas acusações.

j Pois de 43 que eles eram apenas compareceram dois !

As conclusões a que chegou esse magistrado são altamente honrosas para o nosso país ; provou-se qne os raros cri- . mês que haviam sido cometidos

sido já punidos, e provou-se mais que os, tais milicianos da África do Sul não fizeram outra cousa que não fossei revoltar os indígenas contra nós.

Houve sobretudo duas grandes revoltas no distrito de Qupliinane, em regiões onde os direitos portugueses nunca foram discutidos.

Nessa região foi o noss.o pôstQ pelos pretos.

Sr. Presidente : mas o que seria ral é que apenas esse documento chegasse à posse do Governo, ele fosse traduz^ do e dado conhecimento ao País, e man? dado para Inglaterra, para que o nosso, nome ficasse livre de suspeições,

Tive informações, porém, 4e que esse relatório está no Ministério 4as Colónias vai para dezoito oieses, e na sala dos Passos Perdidos, desta Câmara, me foi afirmado que o Sr, Ministro das Colónias dissera a um jornalista que ele ia ser tra-? duzido.

O Sr. Ministro das Colónias (Rodrigueç Gaspar) (interrompendo) ; — O Ministro das Colónias não disse tal cousa, a ne* nhum jornalista.

O Orador: — Registo a declaração de S. Ex.a, mas o Diário de Lisboa dá esta informação.