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t)iário da Câmara dos Deputados

Mas o Sr. comissário não fez o menor reparo e aceitou como boa a verba para a realização da Exposição.

S. Ex.a apesar disso continuou em Lisboa, embora fosse o responsável por tudo que se estava passando no Eio de Janeiro e só quando lhe aprouve se deslocou para o Rio de Janeiro.

Apontou irregularidades de funcioná-. rios, mas esqueceu-se de que, como funcionário exercendo o comando superior, ó o responsável pelas faltas, senão o principal responsável perante a nação neste transe vergonhoso que está iminente, -de vermos que o país não ficará representado depois de enormes verbas gastas.

Apoiados.

Disse o Sr. Vasco Borges que o Sr. Lisboa de Lima é fraco, inábil e pusilânime.

Observarei que estas qualidades são suficientes para demonstrar como esse comissário ó um mau funcionário prejudicial ao país.

Porém não são 'apenas estas as altas virtudes do comissário do Governo na Exposição do Rio de Janeiro.

Tenho documentos que provam quanto eram falsas as declarações que apareceram na imprensa, pretendendo negar as acusações então feitas ao Sr. Lisboa de Lima.

De facto, temos de apontar mais alguns predicados ao comissário do Governo e para esses predicados chamo a atenção de V. Ex.a e da Câmara, para verem que não pode apenas ser acusado de fraco, inábil e pusilânime o indivíduo que se julgou muito senhor do seu papel de comissário do Governo na Exposição do Rio de Janeiro.

Vejamos: numa reunião realizada na Associação Industrial Portuguesa, a convite seu, forçosamente e talvez no cumprimento das disposições do § 1.° do artigo 3.° para serem ouvidos os interessados sobre a forma de se realizar a construção, S. Ex.a, ou alguém por ele, propôs e resolveu-se que os pavilhões fossem construídos em ferro.

V. Ex.a e a Câmara sabem muito bem que infelizmente o nesso país, se tem algum minério de ferro, não é produtor de ferro e todo o ferro que gasta é trocado pelo ouro que exporta.

É lamentável este facto, tanto mais que

se votou uma lei para se criar no país a indústria siderúrgica e infelizmente ainda hoje não temos essa indústria montada.

Mas a triste realidade é esta: é que o país não produz ferro, e todo o ferro de que carecemos, é trocado pelo ouro que .temos de exportar.

Pois os países que abundam em ferro e produzem ferro não só para as suas necessidades, mas ainda para a exportação, nessas construções que em regra são edifícios provisórios que duram só emquanto dura a exposição, sem destoar os efeitos arquitectónicos, socorrem-se nessas construções provisórias de madeira e cimento.

j O Sr. Lisboa de Lima, que faz parte da primeira empresa metalúrgica do país, esqueceu-se do facto que o inibia de fazer construir em ferro os pavilhões da Exposição do Rio de Janeiro l

E escolheu-se em que condições?

Vou dizê-lo à Câmara.

Reuniu a Associação Industrial e convidou os industriais metalúrgicos a assistirem à reunião. Nessa altura falou-se-lhes ao coração dizendo que a obra que se ia fazer, era a consagração do nome industrial do País, tornando-se por isso necessário que todos concorressem.

Todos os presentes concordaram com esse modo de ver e saíram satisfeitos.

Entretanto, foi convidado um mecânico francês, que desempenhou as funções de engenheiro na empresa industrial que precedeu a União Metalúrgica para fazer a distribuição da obra a executar por todas as casas industriais que quisessem cola-' borar nesse empreendimento patriótico.

É de notar que entre tantos engenheiros portugueses que existem não houvesse um único que o Sr. Lisboa de Lima julgasse competente para seu colaborador.