O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6
Diário da Câmara dos Deputados
sido ainda mais avultadas, sobretudo no capítulo das despesas militares.
Surge depois o ano de 1916-1917, e eu chamo a atenção da Câmara para o confronto das despesas efectuadas êsse ano com as de 1917-1918, para que V. Ex.ª s. vejam como o movimento de 5 de Dezembro marca clara e insofismàvelmente o início do nosso desequilíbrio económico e financeiro. (Apoiados).
Não faço esta afirmação com intuitos políticos, porque, se a fizesse, não seria o primeiro a reconhecer, como efectivamente reconheço, que todos nós somos igualmente responsáveis pelo descalabro a que chegámos, uma vez que não tivemos a coragem, após a jornada do Monsanto, de arrepiar caminho, regressando ao anterior e republicano regime administrativo.
Êsse confronto, que seria ainda mais interessante se o fizéssemos em relação aos primeiros semestres dêsses dois anos, resulta ainda assim flagrante se atendermos a que foi precisamente no ano de 1916-1917 que as nossas despesas militares atingiram a sua maior intensidade.
O deficit das despesas da guerra, nesse ano, foi de 48:948 contos. Na dívida pública houve um aumento de 56:845 contos e na circulação fiduciária um aumento de 32:971 contos. A situação cambial começou nesse ano a sofrer sensíveis oscilações.
Começa o ano de 1917-1918. O esfôrço militar quási se anula à fôrça de se restringir. O número das tropas em França é consideràvelmente reduzido. Os militares que vêm a Portugal no gôzo de licença, ou por quaisquer outros motivos, não voltam a ocupar os seus lugares com o pretexto de não contaminarem as fôrças do Corpo Expedicionário com o tifo exantemático. Comigo não se deu felizmente, êsse caso, mas, Sr. Presidente, desde essa ocasião parece que as despesas deviam deminuir, mas sucedeu o contrário.
Todos sabemos, mas é preciso que isto se repita mais uma vez: que, a quando da proclamação da República, a situação do País não era desafogada, os orçamentos há uns anos que vinham sempre a fechar com deficit; que, se nós os puséssemos a par da desvalorização actual da moeda, atingiam quantias enormes. Assim, o Orçamento representava um deficit relativamente grande. Dá-se a proclamação da República e todos conhecem a preocupação que houve, por parte dos estadistas republicanos, para sanar êsse deficit.
Não se conseguiu, mas apresentou-se um deficit muito inferior, apesar das conseqüências que sempre derivam da mudança dum regime e da necessidade que houve de satisfazer algumas aspirações. Depois sabe-se que todos os Ministros das Finanças que se seguiram se viram impedidos de executar aquela obra que era necessária e do desejo de todos os republicanos, devido às constantes perturbações da ordem pública que se deram nesse tempo.
Entramos depois no ano de 1912-1913, e foi nessa ocasião que se tornou possível cumprir a política do nosso equilíbrio financeiro; e não é de mais tecer aqui a nossa homenagem ao Sr. Dr. Afonso Cosia, que com uma grande energia, perseverança e talento conseguiu executar êsse programa. (Apoiados). E foi tam intensa a sua acção que, embora nalguns espíritos se tivessem levantado dúvidas sôbre ela, a verdade é que, pelas contas que hoje estão fechadas, se verifica que o superavit previsto foi realizado.
Mas essa obra de S. Ex.ª continuou. Todos os homens da República a continuaram e, assim, nós vemos que no ano seguinte, 1913-1914, se fechou o nosso Orçamento também com saldo positivo, que foi de 3:097 contos, e, o que é mais importante, provou-se que a dívida pública deminuíu muito. E com êste ano nós chegámos ao fim do primeiro período em que dividi a gerência republicana.
Se analisarmos as duas contas relativas a êste período, verificamos que as referentes aos anos de 1912, 1913 e 1914 acusam um saldo credor de 6:778 contos.
Não é, portanto, gratuita a afirmação de que o regime republicano sabe bem administrar, e que foi a guerra de 1914, que veio surpreender-nos nesta obra de regeneração, a causa do desequilíbrio e da crise que temos atravessado ùltimamente.
Começa em 1914-1915 o segundo período que é o da guerra.
Como a Câmara sabe, deu-se a apreensão dos navios alemães e a Alemanha