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Sessão de 15 de Janeiro de 1923
navios que lhe faltam e que lhe podem ser úteis para o serviço das nossas colónias, isto se bem que não haja razões de queixa do Parlamento, pois, que ainda há dois anos se votaram oito mil contos para adquirir seis cruzadores iguais ao República e ao Carvalho de Araújo, navios próprios para o serviço das nossas colónias.
Ainda não há muito, Sr. Presidente, me disse um almirante francês que, depois da guerra, a marinha de guerra que tinha ficado com um papel perfeitamente definido e preciso era a portuguesa.
O que é um facto, Sr. Presidente, é que se tem pensado em tudo menos na marinha, para a qual não se tem adquirido ùltimamente nem sequer um bote.
Sr. Presidente: nem na declaração ministerial, nem nas declarações feitas depois pelo Sr. Presidente do Ministério, se fez a mais pequena referência ao assunto, tendo apenas os jornais falado na viagem do Chefe do Estado às Colónias.
Ninguém, Sr. Presidente, neste País tem maior consideração e respeito por essa alta individualidade, que é o Chefe do Estado, que ainda não há muito deu as melhores provas na sua viagem ao Brasil, e assim o meu maior desejo será que S. Ex.ª não só vá a Angola, como a todas as nossas colónias.
Dada, porém, a situação em que se encontra o mundo inteiro, isto é, à situação em que se encontra actualmente a Inglaterra, a França e a Alemanha, eu não vejo possibilidade de um Chefe do Estado se poder ausentar do seu País por três, quatro ou cinco meses.
O Sr. Millerand que também foi visitar uma colónia francesa, a Argélia, tinha um cruzador à sua disposição que o transportava à Europa em 24 horas.
O Sr. Ministro das Finanças disse o bastante para mostrar que o nosso erário não abunda em dinheiro.
Em toda a parte do mundo se estão fazendo economias.
O Rei de Inglaterra vendeu o seu hiate privando-se do seu prazer habitual de regatas.
Em toda a parte se fazem economias.
Segundo leio nos jornais de Angola prepara-se naquela província uma luxuosa recepção ao Sr. Presidente da República.
Eu corro o risco de cair no desagrado dos meus eleitores de Angola, mas devo dizer que êsse dinheiro melhor fôra que o empregassem na compra de rails para mais alguns quilómetros de caminho de ferro.
Todo êsse dinheiro que se vai gastar melhor fôra que o empregassem para terminar êsse edifício da Maternidade que está sem janelas e prestes a derruir antes de terminado, ou que o dessem aos directores dos hospitais, onde não há nem pensos nem medicamentos.
Lamento não ver presente o meu querido amigo Sr. Dr. Domingos Pereira, ilustre Ministro dos Estrangeiros, para lhe preguntar o que pensa êle acerca da política europeia, mas está presente o Sr. Presidente do Ministério, que certamente me vai responder, mas não diga S. Ex.ª que nesta matéria somos apenas satélites que gravitam na órbita do grande planeta que é a nossa velha aliada.
Vou terminar e lamento que não tivesse hoje grangeado amigos, mas quando eu morrer ficarei satisfeito se na minha campa puserem um epitáfio que diga «aqui está um homem que não quis ser Ministro nem nunca poderá ser Alto Comissário de Moçambique, porque se pronunciou contra a gente da África do Sul».
Tenho dito.
O orador não reviu.
Foi lida e admitida na Mesa a moção do Sr. Leote do Rêgo.
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro, do Interior (António Maria da Silva): — Vou responder, em poucas palavras, aos Srs. Carvalho da Silva, Sá Pereira, Dinis da Fonseca e Leote do Rêgo, e vou responder em poucas palavras porque os assuntos tratados por S. Ex.ªs já foram por mim versados quando anteriormente usei da palavra.
Sôbre o ensino religioso, declarei aqui na Câmara, em voz que devia ter sido ouvida por todos, que logo que foi apresentada pelo Sr. Leonardo Coimbra a sua idea eu lhe expus as dificuldades que haveria em tratar o problema tal como S. Ex.ª pensava, pois que já nesta Câmara se tinha rejeitado a apresentação dum projecto sôbre o assunto, por inconstitucional.
Não se colocando a questão em termos diversos daqueles em que S. Ex.ª pensa-