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Diário da Câmara dos Deputados
É conhecida a frase de que «governar é transigir», mas transigir não é deitar remendos ora para a direita ora para a esquerda, passar a vida a rodear dificuldades.
Com certeza que isto não é governar.
Governar é ter com firmeza o leme na mão, sempre a meio, como se diz na minha arte, ir ao encontro dos acontecimentos, e não esperar que êles venham atropelar-nos.
É promulgar medidas que não sejam apenas de poucos dias, para as suprimir e agradar a quem quer que seja.
Disse um parlamentar francês notável, que na hora grave que atravessa o mundo, se deve dar passagem ao adversário, dando lugar às competências.
O Sr. Cunha Leal disse outro dia que o Sr. Presidente do Govêrno tinha ido fazer a sua caçada para a recente tripulação da caravela, mas esqueceu-se de dizer que — o que eu vou dizer agora — S. Ex.ª tinha feito essa caçada da tripulação na Escola Naval. Nada menos de três lentes.
Assim se tiver dificuldades poderá passar o Cabo Tormentoso.
Tem três Pêros de Alenquer de primeira qualidade.
Um meu ilustre amigo, tam meu amigo que até na marinha é conhecido pelo pequeno Leote, o Sr. Jaime de Sousa, disse outro dia também, e com muita razão, que há o mau hábito de atacar sistemàticamente os Ministros, e que os homens que se sentam naquelas cadeiras são imediatamente tratados como réus.
Tem razão, mas também é verdade que os homens que ali se sentam não devem sair à primeira investida. Espero que os actuais correligionários do Sr. António Maria da Silva poderão agüentá-lo no balanço, e vir discutir e mostrar que tem razão nas medidas que apresenta.
Um dos novos tripulantes da donairosa caravela é o meu querido amigo Sr. João Camoesas, pequeno em corpo, mas grande na alma.
Recordo sempre com emoção o nosso encontro no estrangeiro, há dois anos, quando S. Ex.ª regressava de uma conferência de trabalho na América. S. Ex.ª disse-me que tinha visto milhares de portugueses que mostravam naquele grande país as suas qualidades de trabalho e virtudes cívicas, pràticamente, mas sempre, e através de tudo, grandes portugueses.
Pois bem, os portugueses que estão no estrangeiro, V. Ex.ª o sabe, nunca deixam de ser portugueses.
Quer V. Ex.ª esteja no Poder três meses ou três anos, V. Ex.ª mande os alunos das escolas à América, à Inglaterra, à França, que quando regressarem de lá, cabeça bem levantada, olhar firme, ao passarem nas artérias de Lisboa, farão fugir essas multidões de ineptos que pejam as praças públicas, que não são cousa nenhuma senão degenerados.
Êsses hão-de constituir a verdadeira ala de namorados.
O Sr. Ministro das Colónias, o mesmo Sr. Rodrigues Gaspar, parece manter a mesma atitude do silêncio.
Bem fez pois, em fazer aqui revelações sôbre a África do Sul.
S. Ex.ª apresentou um documento realmente interessante, verificando-se que êsse documento tinha estado a ser gozado em família durante quási um mês.
S. Ex.ª afirmou que é um homem honrado, o que ninguém havia contestado ainda, que morava numa casa pequena, e por fim, disse que o meu discurso fazia lembrar aqueles ramos compostos de pequenas flores.
Não são ricas, são até modestas, não têm perfume, mas há umas flores que eu nunca, emprego: as que envenenam, como aquelas da árvore de «Africana» com que morreu a preta.
S. Ex.ª não disse absolutamente nada do que se havia passado.
O Sr. Brito Camacho que não é da confraria do silêncio (Apoiados), já disse em entrevistas mais alguma cousa que S. Ex. a.
Quanto o Sr. Ministro da Marinha eu aproveito a ocasião para prestar aqui a minha homenagem a êsse excelente camarada que embora não tenha feito a sua carreira no mar, é um grande carácter, um homem que durante o período da guerra compreendeu perfeitamente o seu dever, acompanhando de perto os seus camaradas, pelo que não faltou à marinha cousa alguma do que era necessário.
O Sr. Ministro da Marinha, Sr. Presidente, colaborou muito no raid ao Brasil; porém o que é um facto é que a nossa marinha de guerra carece de que olhem para ela com olhos de ver, dando-lhe os