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Sessão de 26 de Janeiro de 1923
ções iam recomeçar. Todavia, o que é facto é que estamos a pouco mais de um mês do têrmo do Convénio, que o Sr. Dr. Brito Camacho negociou, para mim, com muito acêrto e patriotismo, e o País nada sabe do que se vai passar.
Disse ainda o Sr. Ministro das Colónias que devíamos estar tranqüilos, que as palavras desagradáveis da África do Sul e até do primeiro Ministro não deviam causar alarme, visto que o Govêrno Inglês tinha enviado uma nota, que aqui foi lida, onde dizia que em caso algum o Sr. Smuts desrespeitaria a soberania portuguesa.
Ora, Sr. Presidente, a êste respeito, devo dizer, claramente, a minha opinião.
O Sr. Smuts tem feito saber por todos os modos e com o maior desassombro, quer pelos jornais quer da tribuna parlamentar, que a África do Sul é independente e soberana.
De facto assim parece, porque o Sr. Smuts, encontrando-se na Conferência da Paz, assinou o Tratado de Versailles em perfeito pé de igualdade com os representantes dos países aliados.
Como é que se explica, pois, que se não manifeste directamente ao Sr. Smuts a nossa surprêsa por essas afirmações, e se vão fazer queixas ao Govêrno Inglês?
Isto faz lembrar, Sr. Presidente, as crianças que quando se lhe puxa o nariz, correm a casa da mamã fazer queixinhas.
Ora, eu devo dizer à Câmara que o Govêrno Inglês não tem tido sempre o cuidado de mostrar que tem uma grande consideração por nós, e a prova está num livro que se publica todos os anos na Inglaterra, que se chama Manual of Portuguese Est Africa e que é editado pelo serviço geográfico do almirantado.
Disse outro dia, o Sr. Dr. Brito Camacho, tanto no Parlamento como na imprensa, que verdadeiros actos de hostilidade têm sido praticados contra Portugal.
Efectivamente, Sr. Presidente, é um acto de grande hostilidade procurar por todos os meios impedir que a colónia de um país amigo, vizinho, e que lhe tem prestado sempre os mais assinalados serviços, realize qualquer empréstimo. Durante a guerra, é preciso dizê-lo, fomos tratados em Moçambique como um povo inimigo.
Os permis que eram pedidos para Lourenço Marques, ou não eram dados, ou eram demorados tanto, que não eram precisos. Os navios que seguiam para Lourenço Marques, quando chegavam perto dêste pôrto, recebiam ordem radiotelegráfica para se desviarem para o Natal.
Tudo isto é absolutamente exacto, e o Sr. Brito Camacho não foi mais longe talvez porque é ainda Alto Comissário. Todavia, eu, que sou apenas Deputado, que tenho acompanhado de perto o que se tem passado na província de Moçambique, e que a conheço bem, não tenho dúvidas em chamar a atenção do Govêrno, a fim de que o Sr. Ministro das Colónias e o Sr. Presidente do Ministério tenham a bondade de esclarecer o que se está passando.
Quando falei nesta Câmara, por ocasião da recente crise, pedi também ao Sr. Presidente do Ministério que nos dissesse o que pensava sôbre as conseqüências que podiam ter para o nosso País os acontecimentos que se estão dando na Europa: a ocupação militar feita pela França, as negociações feitas pela Alemanha e a quebra da Entente Anglo-Francesa. S. Ex.ª nada disse ou nada pode dizer. Todavia eu insisto.
O meu colega Sr. Jaime de Sousa, que foi Ministro e ocupou uma alta situação no estrangeiro, sabe que é necessário haver certas reservas.
No emtanto, S. Ex.ª entendeu que devia levantar esta questão na imprensa, e prestou um belo serviço porque o Sr. Ministro da Alemanha veio dizer qualquer cousa de interessante, conquanto não deva considerar-se tranqüilizador.
Sr. Presidente: já que me referi ao Sr. Ministro da Alemanha, devo dizer — sem que nas minhas palavras vá qualquer censura para o jornal que aceitou as suas declarações — que acho estranhável que o representante da Alemanha se sirva da imprensa portuguesa para ser desagradável a um aliado nosso, como é a França.
S. Ex.ª, quando quiser ser desagradável a êsse país, vá para os jornais do seu país e lá não lhe faltarão meios para exteriorizar a sua má vontade.
Sr. Presidente: de questões internacionais nada sabemos.
Por um telegrama que outro dia veio nos jornais, sabe-se que o nosso Ministro