O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

18
Diário da Câmara dos Deputados
nal, como realmente me parece que a querem considerar; mas sim realmente duma questão bastante delicada que no meu entender deve ser resolvida com a máxima cautela e serenidade.
Eu devo dizer em abono da verdade que o ilustre Deputado o Sr. Álvaro de Castro, trazendo à Câmara esta questão, prestou um relevantíssimo serviço ao País.
A verdade é que a denúncia da convenção foi um grande passo para se rasgar um futuro muito próspero e progressivo para a província, pois a verdade, Sr. Presidente, é que com ela nos colocamos numa excelente oportunidade para negociarmos com os trunfos que ali possuímos, quais sejam a situação geográfica do pôrto e a exportação da mão de obra para o Rand.
Esta, Sr. Presidente, é que é uma verdade, e eu não posso deixar de dizer que entendo que o modus vivendi deve ser feito, por isso que êle vem acautelar os interêsses nacionais.
A União diz que os trabalhadores de Moçambique lhe fazem concorrência, pois se quiserem aumentar os salários não podem, pois lá está o idiota, o parvo colono de Moçambique que trabalha por metade do preço.
Faz-se a acusação de que o Govêrno pretende enfeudar o principal trunfo de forma a prejudicar a realização da convenção.
Sr. Presidente: quem está negociando êste assunto sabe muito bem que não vai criar nenhuma dificuldade à União.
Quem negoceia de boa fé sabe que não vai prejudicar o comércio.
Eu não vou pedir detalhes das negociações, pois isso não é de conveniência nem para a Câmara nem para o País. Não há o direito de fazer acusações ao negociador.
Tanto mais que as condições em que essa prorrogação é feita são tudo quanto há de mais razoável e aceitável. O prazo que só dá de seis meses julgo ser suficiente para os negociadores da União Sul-Africana se convencerem da necessidade de empregarem os seus esfôrços no sentido do que uma fórmula aceitável para ambas as partes seja posta em execução. A esta conclusão devem chegar todas as pessoas que encararem esta questão a sangue frio.
Sr. Presidente: julgo ter justificado suficientemente a moção que tive a honra de mandar para a Mesa, assim como me parece ter provado suficientemente que a situação está muito longe de apresentar a gravidade que ao princípio parecia querer atribuir-se-lhe.
Como V. Ex.ª viu, são justamente aqueles que criaram as maiores dificuldades os que vêm agora para um caminho onde se vê já possível um entendimento.
Sr. Presidente: devo ainda salientar, antes de terminar, que o facto de se ter denunciado a convenção, que é o ponto de partida pára a realização dum convénio, não tem outro efeito que aquele a que acabo de aludir, isto é, valorizar todos aqueles elementos de que dispomos na colónia de Moçambique, o que lhe assegurará dias de prosperidade e grandeza que com a actual convenção ela se sentia impossível de obter.
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando restituir, nestes termos, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Brito Camacho não fez a revisão do seu àparte.
Foi admitida a moção do Sr. Deputado Jaime de Sousa.
O Sr. Presidente: — Vou dar a palavra ao Sr. Deputado Delfim Costa; antes, porém, devo prevenir S. Ex.ª de que a sessão deve terminar às 19 horas e 20 minutos, mas como há quatro Srs. Deputados inscritos para antes de se encerrar a sessão, ver-me-hei obrigado a interromper as considerações de S. Ex.ª às 19 horas e 10 minutos.
O Sr. Delfim Costa: — Sr. Presidente: poucas considerações vou fazer que possam servir de esclarecimento à Câmara sôbre o problema em que já intervieram distintíssimos oradores.
A minha situação de Deputado por Moçambique obriga-me a dizer o que penso e o que sei, como sei e como penso, sôbre o problema que diz respeito à colónia que tenho a honra de representar nesta casa do Parlamento.
Sr. Presidente: o problema de Moçambique tem numerosas soluções teóricas, mas essas não bastam porque do que