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Sessão de 9 de Março de 1923
tenho a honra de me associar, com o mais profundo pesar, ao voto que V. Ex.ª acaba de propor.
Mantive durante longos anos as mais amistosas relações com Barjona de Freitas, visto ter sido na Revista Militar, que êle fundou e dirigiu, que eu comecei a escrever sôbre assuntos militares.
Barjona de Freitas acompanhou seu pai na sua missão a Londres, onde foram negociar o tratado em seguida ao ultimatum. Distinto colonial, foi governador de Cabo Verde. Foi Ministro das Obras Públicas nos últimos tempos da monarquia, e depois da sua queda, mantendo-se fiel ao seu crédito político, retirou-se da vida pública, onde deixou um nome cheio de prestígio e sem mácula.
Eu não podia por isso, Sr. Presidente, deixar de me associar ao voto de sentimento expresso por V. Ex.ª pelo falecimento de tam prestante cidadão.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Carlos de Vasconcelos: — Sr. Presidente: incumbe-me êste lado da Câmara de me associar, em seu nome, ao voto de sentimento que foi proposto por V. Ex.ª pela morte do ex-Ministro e nosso colega nesta Câmara, o Sr. Barjona de Freitas.
Como Deputado por Cabo Verde, também eu não podia deixar de prestar neste lugar a minha homenagem ao ex-governador dessa província.
A acção do conselheiro Barjona de Freitas foi admirável, principalmente durante a crise de 1903, tomando medidas para circunscrever a uma área pequena o flagelo que assolava Cabo Verde.
O conselheiro Barjona de Freitas, que foi a Cabo Verde já quando a crise atingira o seu apogeu, conseguiu em pouco meses debelá-la, seguindo a única derrota aceitável, a de ministrar os recursos aos flagelados, dando-lhes trabalho.
Mas em matéria colonial foi a sua acção também bastante eficaz.
Assim, contribuiu para a arborização daquela ilha, criando um jardim botânico, que, por ter sido abandonado pelos governadores que lhe sucederam, não trouxe para aquela ilha resultados alguns, apesar de ser a política da arborização a única que àquela região convém.
Se eu tivesse tempo para fazer uma rápida análise das diversas modalidades do problema caboverdeano, teria de seguir com admiração e gratidão, durante as minhas considerações, a acção de Barjona de Freitas.
Além de governador de Cabo Verde, como muito bem frisou o ilustre Deputado Sr. Aires de Ornelas, vários outros cargos êle exerceu na metrópole. Foi Ministro, e foi dos que menos erraram durante a monarquia, e nisso já está o melhor elogio de S. Ex.ª
Tenho dito.
O Sr. Juvenal de Araújo: — Sr. Presidente: às justas e sentidas palavras que V. Ex.ª acaba de pronunciar a minoria católica associa-se muito comovidamente.
É que acaba de desaparecer para sempre do meio de nós uma grande e simpática figura da sociedade portuguesa, duplamente proeminente, pelo prestígio que deu sempre aos altos cargos que desempenhou e pela rígida probidade com que, através de tudo, soube fazer caracterizar a sua envergadura moral.
Político, Deputado, Ministro, diplomata, colonial, oficial do estado maior, o conselheiro Barjona de Freitas foi sempre a actividade laboriosa, a inteligência investigadora, a alma cheia de grandeza e de bondade, o carácter de eleição que no exercício das mais variadas funções teve sempre a paixão pelo cumprimento do dever, para que todos pudessem ver sempre nele a personificação mais lídima da rectidão de proceder.
O homem que, na gerência da pasta das Obras Públicas, deixou o seu nome vinculado ao estudo dos mais importantes problemas de fomento nacional, era o mesmo homem que, militar, e em assuntos da sua especialidade, demonstrou sempre a mais alta competência técnica; o homem de govêrno que à frente duma das nossas administrações coloniais demonstrou as mais altas qualidades directivas, nunca transigindo diante duma injustiça, sendo sempre rigoroso e inflexível nas suas determinações, era o mesmo homem docemente melancólico, afectivo até a ternura que nos serões da sua intimidade sabia espalhar uma grande atmosfera de carinho em redor de si.
Eu tive a honra de conhecer e privar