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Diário da Câmara dos Deputados
mas o que ficou entalado e apertado numa golilha de ferro foi o pôrto de Lourenço Marques.
Veja V. Ex.ª a fórmula da diplomacia de então, que não difere essencialmente da diplomacia de agora.
Quere dizer, sendo Lourenço Marques o pôrto mais próximo do Transvaal, ligado com o caminho de ferro para a capital do Transvaal, é aquele que, pelas suas condições próprias, é o melhor pôrto de toda a África.
Pois o pôrto do Lourenço Marques, pôr êste convénio, ficou inibido de ter mais do que aquilo que o próprio convénio lhe impunha para que êle não, continuasse quási a monopolizar o tráfego da região mais rica do Sul da África.
Nessa ocasião estabeleceram-se as percentagens necessárias para que os outros pôrtos — detestáveis pôrtos êles são — não fossem prejudicados pela superioridade do pôrto de Lourenço Marques.
Aqui tem V. Ex.ª a razão por que o general Smuthe se lançou, honra lhe seja, na defesa dos interêsses da região de que é primeiro ministro e que uma vez realizada a denúncia do convénio se lançou numa propaganda formidável, empregando o esfôrço de actividade a que V. Ex.ª e a Câmara têm assistido.
É esta a demonstração clara, palpável, de que a denúncia da convenção veio pôr em sobressalto todos os elementos económicos, da África do Sul pelo receio de se lhes escapar aquilo que desde 1909 êles estão conservando, isto é, aqueles benefícios provenientes de um convénio que foi muito aceitável em 1909 mas de que hoje é absolutamente impossível a continuação.
Sr. Presidente: não estamos, pois, em face de um caso grave, nem de nenhuma calamidade nacional; estamos em frente de um caso perfeitamente regular, perfeitamente normal.
A denúncia do convénio não conveio nunca senão, essencialmente, à União Sul-Africana e a boa política manda que países vizinhos, com interêsse económicos importantes, façam sempre uma política de acôrdo convencional, e que, em vez de se degladiarem, entrem numa política de paz que convenha a ambas as partes, não deixando de ser certo que dos dois interessados alheie a quem sempre mais conveio a convenção foi à União Sul-Africana.
Sr. Presidente: se V. Ex.ª seguiu a par e passo a exposição do Sr. Álvaro de Castro; se V. Ex.ª tiver prestado atenção à exposição feita pelo Sr. Brito Camacho, V. Ex.ª não pode deixar de ver a cada instante demonstrada a necessidade imediata e imperiosa que havia de fazer um novo acôrdo com a União Sul-Africana.
Era necessário baralhar e tornar a dar.
Nós temos na província de Moçambique dois trunfos formidáveis, que são o pôrto de Lourenço Marques e a mão de obra que podemos fornecer.
Mas as condições em que êsses dois grandes valores estavam sendo empregados não eram daquelas que mais convinham aos interêsses de Portugal.
Era preciso, portanto, elaborar novas bases para a convenção.
Mandava o artigo citado há pouco denunciar a convenção em determinados termos, e foi exactamente isso que fez o Alto Comissário.
Eu sou bem insuspeito louvando o gesto Sr. Brito Camacho, gesto que eu considero bem patriótico.
Não me liga ao Sr. Brito Camacho nenhuma espécie de amizade política ou pessoal; apenas admiro em S. Ex.ª o seu talento, o seu patriotismo, as suas qualidades de republicano é as provas que tem dado sempre de trabalhar para o bem do País.
É, portanto, sem nenhuma espécie de preocupação política e pessoal que eu julgo e aponto ao País o gesto do Sr. Brito Camacho como um daqueles que foram bem feitos, e no momento próprio.
Denunciou-se com um ano de antecedência a convenção e impunha-se lògicamente a renovação duma outra.
Procedeu-se ou não às necessárias diligências para efectuar uma nova convenção?
Iniciaram-se essas negociações e os homens que foram encarregados dessa missão encontraram na União Sul-Africana arqueia atmosfera que já em 1909 tinham encontrado os nossos, atmosfera de desmedida ambição por parte do Transvaal.
Então, Sr. Presidente, para que se fixou às convenções um ano de antecedência.