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Diário da Câmara dos Deputados
com o conselheiro Barjona de Freitas já nos últimos anos da sua vida, quando a doença, assustadora, o vinha a pouco e pouco prostrando; já não era, decerto, o mesmo organismo cheio de vigor, de desenvoltura e de actividade que, ao serviço duma inteligência notável e duma alma que não quebrantava, sem envelhecer nunca, tam bem soube marcar o seu lugar na sociedade. Mas, apesar de velho, alquebrado mais pela doença do que pelos anos, o conselheiro Barjona de Freitas era sempre o mesmo homem justo e bondoso, de cuia bôca nunca saía senão um conselho salutar, um pensamento reconfortante, um incentivo de proveito para os novos, e uma palavra de fé nos destinos desta Pátria, de que o pai já fora um dos filhos mais ilustres e que êle também dignamente serviu sempre.
Cidadão modelar, católico praticante, tinha o orgulho da sua fé e foi à sombra dela que êle fez do seu lar um exemplo vivo de todas ás virtudes cristãs.
Sr. Presidente: justamente à hora em que nesta Câmara se produz esta manifestação tam tocante e tam justa à memória do conselheiro Barjona de Freitas, vai a sepultar à sombra dos ciprestes do Alto de S. João o seu corpo inanimado.
A sua passagem todos os portugueses, quaisquer que sejam os seus ideais ou as suas crenças, podem e devem curvar-se reverentemente, porque ali vai um símbolo de honesto servidor da Pátria.
É uma grande figura da sociedade portuguesa que o sopro da morte acaba de entregar à eternidade, para que mais não tardo a hora suprema da recompensa e do prémio divino a quem, como Barjona de Freitas, com tanta pureza e com tanta elevação soube fazer a sua peregrinação pelo mundo.
Tenho dito.
Vozes: — Muito bem.
O Sr. Almeida Ribeiro: — Em nome dêste lado da Câmara associo-me ao voto de sentimento que V. Ex.ª propôs à Câmara pela morte do cidadão Barjona de Freitas.
O orador não reviu.
O Sr. Pires Monteiro: — Em meu nome pessoal associo-me às palavras de sentimento que têm sido aqui pronunciadas acêrca do passamento do antigo Deputado, e que foi um distintíssimo oficial do nosso estado maior.
Faço-o com sinceridade e com o sentimento de que tributo palavras de justiça à memória de alguém que, pela cultura do seu espírito, pelos primores do seu carácter e pela bondade do seu coração, merecia o respeito de quantos o conheciam.
Tive a honra de servir sob as ordens do coronel Barjona de Freitas e não esqueço a maneira sempre cativante, reveladora duma alta competência, sempre duma austera compostura, disciplinadora e suasória, como nos dava os conselhos do seu saber e da sua maior experiência. Já os ilustres Deputados, que com emoção referiram as virtudes do coronel Barjona de Freitas, afirmaram as qualidades excepcionais dêsse homem bom da nossa terra.
É com o mais profundo sentimento que dou o meu voto à proposta de V. Ex.ª, Sr. Presidente.
Associo-me a êsse voto como homenagem à memória dum cidadão íntegro e dum militar ilustre, que prestigiou a nossa Pátria e, proclamadas as novas instituições políticas, as serviu com lealdade.
Tenho dito.
O Sr. Ministro das Colónias (Rodrigues Gaspar): — Em nome do Govêrno associo-me à proposta do Sr. Presidente.
O orador não reviu.
O Sr. Ginestal Machado: — Duas palavras apenas: êste lado da Câmara manifestou-se já, associando-se ao voto de sentimento pelo passamento do antigo Deputado Sr. Barjona de Freitas.
Falo individualmente, porque era amigo particular do ilustre extinto.
Recebi a notícia da sua morte há poucos momentos e é preso ainda de verdadeira comoção que eu tomo a palavra. Mas muito mal ficaria comigo próprio se, prestando-se aqui homenagem à memória de Barjona de Freitas, a minha voz se conservasse silenciosa.
Convivi de perto com Barjona de Freitas; com êle tive a intimidade bastante para bem poder avaliar os primores do seu nobilíssimo carácter, as invulgares