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Diário da Câmara dos Deputados
Com respeito à batata, as cousas modificaram-se alguma cousa.
A batata está mais barata nos armazéns do que nos estabelecimentos particulares.
O Sr. Joaquim Brandão: — A nacional está a $80.
O Orador: — A batata estrangeira não será tam boa, é mais farinhenta, mas é mais barata.
O preço do arroz será modificado, pois há uma oferta de 1:000 toneladas ao custo de cêrca de 1$70 cada quilograma.
Estou convencido, como disse, de quê dentro em breve os serviços dos armazéns reguladores hão-de melhorar.
O Sr. Presidente: — Já há número para se entrar na discussão do parecer n.º 380.
Está na Mesa um pedido do Sr. Eugénio Aresta, para tratar em «negócio urgente» dumas informações que apareceram nos jornais O Mundo e Primeiro de Janeiro, em que se afirma que vários assuntos passam sem protesto no Parlamento, porque os Srs. Deputados estão ligados a determinadas companhias.
S. Ex.ª deseja também tratar em «negócio urgente» da carestia da vida na presença do Sr. Ministro da Agricultura.
Os Srs. Deputados que consideram o assunto urgente, tenham a bondade de se levantar.
Foi considerado urgente.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Eugénio Aresta.
O Sr. Eugénio Aresta: — Sr. Presidente: agradeço à Câmara ter-me permitido tratar em «negócio urgente» dalguns assuntos que não julgo só urgentes, más urgentíssimos.
Trata-se da atmosfera que envolve todos os homens que exercem actividade política neste país, envolvendo-os e maculando-os como uma chuva de lama que sôbre todos caísse.
No jornal O Mando escreveu-se com enormes títulos o que vou ler.
Talvez por ser preto o fato que trago vestido, conhecer-se-ia fàcilmente qualquer pó de farinha.
Tenho passado sempre ao largo das companhias privilegiadas, sem que isto queira dizer que não haja quem exerça funções com honestidade.
Para ser um político arguto, não é necessário ser subsidiado por companhias:
Ouvi afirmar nesta Câmara que era preciso que a moagem tivesse paredes de vidro, para que todos pudessem ver o que lá se passava; não é só a moagem, é o comércio e as indústrias que precisam de ter paredes de vidro, para que tudo se possa ver.
Vem nos jornais que houve uma assemblea de accionistas de uma companhia à porta fechada; nem sequer lá deixaram entrar um jornalista, para não se saber o que lá dentro se passava.
Foram distribuídos lucros que excedem três vozes os capitais empregados.
São êstes factos que emprestam alguma verdade a esta teoria velha, de que as revoluções muitas vezes fazem a desgraça de um país.
Quem levanta a voz, sou eu!
Vozes: — Nós todos.
O Orador: — Eu em nome do Parlamento, interpretando o seu sentir!
O Parlamento precisa prestigiar-se porque as suas leis só podem ser cumpridas desde que haja autoridade moral.
Dêstes factos resulta a revolta das classes ínfimas que vivem no sofrimento; compreendo que todos os dias rebentem bombas; compreendo o incitamento ao crime, compreendo mas não justifico.
Os lucros lícitos, êsses distribuem-se à vista de toda a gente, sem vergonha nem medo.
Estamos num momento em que aparecem programas partidários, mas neste momento só um programa é necessário, que há-de ser feito por todos, desde da direita até a esquerda.
E só depois de terem caminhado bem juntos se poderão fazer as diferenciações.
Mas diz ainda o jornalista autor do artigo publicado no jornal O Mundo o que vou ler.
Quere-me, pois, parecer que o programa, o único programa a estabelecer, para ser profundo e profícuo, só pode ter por base o acatamento inexorável da lei mo-