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Sessão de 13 de Março de 1923
ral impulsionada pelo nosso exemplo 6 pelas nossas atitudes.
Se fôsse possível — e as circunstâncias instantemente o reclamam- formar um Govêrno cujo programa fôsse estruturalmente êsse, êsse Govêrno conseguiria desmantelar todos os partidos políticos constituídos, congregando à sua volta indistintamente todos os homens cujo único objectivo é o de bem servirem o seu país e prestigiar a República.
E difícil, dolorosa e ingrata a situação do político nesta hora (Apoiados). Sôbre o político pesam todas as insinuações e aleivosias; êle é para muitos o germe maléfico que corrói a sociedade portuguesa. Embora; eu acho que nem por isso o político tem o direito, neste momento grave da nacionalidade, de se eximir às responsabilidades de intervir na marcha dos negócios públicos. Eu não posso, por isso, compreender que dois políticos antigos, o Sr. Afonso Costa, de Paris, e é Sr. Brito Camacho, em Portugal, venham dizer-nos que estão dispostos a retirar-se da vida política, o primeiro porque não vê as classes dirigentes enveredar por aquele caminho da moral que permita â sua. colaboração, o segundo porque a Sua idade lhe não consente já integrar-se nas modernas correntes da opinião.
Sr. Presidente: os povos, como os indivíduos, Vivem de grandes sentimentos e os grandes sentimentos dos povos são as crenças e não o espírito do mercantilismo individualista que ameaça subverter-nos. Unamo-nos todos e procuremos primeiro que tudo restabelecer os bons e sãos princípios da moral.
Sr. Presidente: vou tratar da segunda parte do meu negócio urgente, a carestia da vida.
Há, já dalgum tempo, o costume dó atribuir aos factores câmbio e ordem pública a inteira responsabilidade da nossa situação económica. A verdade, porém, á dura verdade que nós constatamos com surpresa e com espanto é que, apesar da divisa cambial se ter mantido estacionária nestes últimos meses e apesar da ordem pública, pelo menos no que nos ô dado observar, se ter mantido inalterável, a carestia da vida atinge uma acuidade verdadeiramente assustadora.
Não se diga que o Govêrno não tem tido tempo para resolver o problema. Na sessão de 7 de Julho de 1922, respondendo ao Sr. Amaral Reis, o Sr. António Maria da Silva, Presidente do Ministério, teve uma afirmação que é imprudente e infeliz...
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria da Silva): — Na opinião de V. Ex.ª
O Orador: — Felizmente que essa justiça popular não se fez, pois a fazer-se teríamos nova chacina no Arsenal de indivíduos que à República têm prestado muitos serviços.
Foi infeliz essa frase, pois sendo proferida em 7 de Junho, até hoje ainda não começou a produzir os seus efeitos; os esmagados e comprimidos somos nós.
Muitos apoiados.
Eu não exijo que o Govêrno ponha a vida barata, mas o Govêrno pode acabar com a carestia abusiva, ficando embora a vida cara, mas por causas naturais, por factores económicos que assim o determinem.
É só isto que se exige do Governo mas para o Govêrno cumprir os decretos, e não para deixar as cousas como até agora tem feito.
É preciso que devidamente se fiscalize ás companhias de fiação e tecidos que dão lucros fabulosos.
Sr. Presidente: não quero abusar mais da paciência da Câmara e termino mandando para a Mesa a seguinte
Moção
A Câmara dos Deputados, reconhecendo que a carestia da vida actual não resulta apenas dos factores económicos que nela influem, mas é ainda agravada por um grande número de indivíduos que excedem os limites do exercício honrado das profissões de banqueiro, industrial e comerciante, e da inércia governativa em face dêstes abusos, convida o Govêrno a tomar prontas e enérgicas providências repressivas, dando-lhe para isso os poderes de que carecer. — Eugénio Aresta.
Para a comissão de comércio e indústria.
A moção foi admitida.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando nestes termos restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.