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Sessão de 15 de Março de 1923
defender até o último ponto, tendo mais em atenção os interêsses dos vindouros do que os nossos próprios. Todavia não será possível deixar livres de encargos, tanto quanto poderíamos desejar, as gerações futuras.
Exactamente por pensar muito no futuro é que eu trouxe ao Parlamento esta proposta de empréstimo baseada na fórmula que preconizo.
Devemos defender aquilo que tem condições de vida e que pela sua acção facilita a entrada de ouro em grande quantidade.
Referiu-se o Sr. Barros Queiroz a uma cláusula do empréstimo.
Como S. Ex.ª sabe não foi minha intenção que o empréstimo fôsse perpétuo, mas amortizado em ocasião oportuna e por isso se marcou o prazo.
O Sr. Barros Queiroz (interrompendo): — Li nos jornais uma crónica em que se dava à palavra consolidada a interpretação de perpétua.
O Orador: — Mas não foi essa a minha intenção. O artigo 5.º desmente que fôsse minha idea fazer orna operação perpétua.
S. Ex.ª sabe muito bem que um empréstimo reduzido não tem fácil colocação; há ainda quem julgue o prazo de dez anos ainda pequeno.
Eu continuo a julgar que é mais vantajoso o câmbio a 6.
Também S. Ex.ª se referiu à quantidade de libras que recebemos conforme as diversas cotações. Eu não me preocupo muito com a quantidade de libras a receber, o que me preocupa é a quantidade de escudos que se recebem, porque é de um empréstimo de escudos que se trata.
Se hoje me oferecessem uma quantidade pequena de libras ou a sua equivalência em escudos, eu preferia escudos, porque são notas que eu recolho; o que eu preciso é que se torne mais caro o escudo.
Tenho aqui números que necessitam ser justificados, pois o juro dá-me 14,90.
O Sr. Barros Queiroz (interrompendo): — V. Ex.ª parte da hipótese dos títulos a 83 ou a 91?
O Orador: — Os números serão rectificados, mas isso não tem importância para a nossa argumentação.
Referiu-se o ilustre Deputado Sr. Barros Queirós á especulação que se poderá vir a fazer com os títulos, mas é preciso que S. Ex.ª conte com a disposição que o Ministro tem de poder fixar os câmbios pois, se se der qualquer oscilação cambial, que seja prejudicial, o Ministro tem sempre elementos de informação para saber onde está a especulação e se ela se. der não lança a cotação do empréstimo no mercado. É claro que isso depende muito do critério de quem aqui estiver, da boa vontade e da fôrça suficiente para vencer todas as dificuldades.
Sr. Presidente: oxalá que não seja eu que esteja aqui para realizar a operação, mas, se fôr, posso garantir à Câmara que empregarei todos os esfôrços e não lançarei o empréstimo quando a cotação fôr artificial.
Sr. Presidente: quem convive comigo dentro do Ministério sabe que tenho resistido a todas as pressões (Apoiados) e que resistirei sejam elas de quem fôr.
Apoiados.
Não sou rico nem quero ser, estou acostumado á esta vida de trabalho e de estudo e não sei o que faria se fôsse excessivamente rico.
E um prazer que se sente em resistir; sabe bem que essas pessoas diante das quais todos se curvam respeitosos vejam que, ainda há alguém que, não se curva perante elas.
Sr. Presidente: vem isto a propósito das negociações com os banqueiros a quem o Sr. Barros Queiroz chamou os judeus da finança.
Esses argentários têm vindo oferecerão Govêrno todas as facilidades, mas é muito interessante que o vencimento termina na data em que termina o contrato dos tabacos.
É curioso que tanto se barafusto neste País contra o pão político e ninguém se insurja contra os tabacos.
Sr. Presidente: também ainda sôbre os prejuízos que pudessem advir do empréstimo, devo mais uma vez repetir que, desde que haja o máximo cuidado em se fazer a emissão parcelarmente, não se darão os factos a que o Sr. Barros Queiroz fez referência.