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Sessão de 23 e 24 de Março de 1923
A situação de V. Ex.ª no Ministério é presentemente incomportável com os interêsses nacionais.
Se V. Ex.ª defende o prestígio do Govêrno, nesta hora impõe-se ao seu espírito, que não nego sei patriótico, um só cesto: é abandonar essa cadeira a fim de que outro mais à vontade e acertadamente possa desempenhar a sua missão.
Não tenho, Sr. Presidente, de rectificar nenhuma das palavras que proferi.
Elas foram trazidas para público. Não as faria se não tivesse a convicção segura de que o podia fazer.
Os meus apontamentos são absolutamente idênticos aos que S'. Ex.ª apresentou aqui e não desmentem em cousa alguma as palavras que pronunciei.
Nada tenho, pois, que modificar. Fi-lo com a convicção íntima de prestar um bom serviço ao meu País.
Se, porventura a maioria, levada pela atitude do Sr. Ministro das Colónias não quiser ouvir as minhas palavras, eu quando me chegar a correspondência e os jornais em que tudo se esclareça, poderei dizer que uma votação do Parlamento teve influência no espírito do Govêrno da União.
Fico tranquilo com a minha consciência na certeza de que cumpri o meu de-
O orador não reviu.
O Sr. Ministro das Colónias (Rodrigues Gaspar): — O Sr. Álvaro de Castro continua mantendo a sua afirmativa de que era inexacta a nota oficiosa, e eu pregunto se depois de eu ter lido à Câmara os. documentos que S. Ex.ª diz também ter recebido para continuar na sua asserção, qual de nós está no campo da verdade.
Eu mostrei claramente que não foi o encarregado do Govêrno quem iniciou as propostas com a União.
Eu mostrei a S. Ex.ª, porque li os documentos, que foi o Govêrno da União que fez a proposta.
O encarregado do Govêrno comunicou o que lhe preguntou a União. Esta é que preguntou, e então o encarregado respondeu que ia comunicar ao Alto Comissário, o pedir-lhe instruções.
S. Ex.ª as leu e eu também as li, e, quando eu disse que o encarregado do Govêrno tinha cumprido as instruções,
não enganei, porque êle comunicou ao Govêrno da União exactamente o que lhe comunicou o Alto Comissário.
S. Ex.ª há-de concordar que é bom ser persistente, mas não ao ponto de pretender demonstrar que eu não fale verdade com os documentos na mão.
S. Ex.ª não mostrou que a nota não fôsse exacta.
Eu nunca tive a ambição de ser Ministro, e contudo poderia tê-la tido porque não hei-de ser inferior a muitos que por aqui têm passado. Mas nunca a tive.
Tenho vindo para êste lugar por obrigações que me impõe o partido, e não preciso que ninguém me ajude a ficar, porque bastantes vezes tenho dado provas de que não estou aqui agarrado com unhas e dentes, antes pelo contrário tenho desejado o meu sossêgo, que bem preciso dele.
Isto sabem-no todos, mas só V. Ex.ª é que o parece ignorar.
Quando aqui se tratou ultimamente da questão de Moçambique, eu disse claramente à Câmara:
«Não se trata duma questão de partidos. A Câmara tem quatro moções, mas duas delas são absolutamente claras, a moção do Sr. Álvaro de Castro apresentada candidamente e que não representa qualquer golpe político, mas na essência é uma moção política, porque é a condenação do que tem feito é Ministro das Colónias no seu pleno direito».
Como na essência a moção era isso, eu disse mais:
«Esta não a posso aceitar porque é contrária àquilo que se pode fazer».
Havia uma outra moção, que era a do Sr. Jaime de Sousa, a qual concordava com a orientação seguida pelo Govêrno, e eu então disse que a aceitava.
Mas, repito, eu disse então muito claramente à Câmara:
«Não se trata aqui duma questão de partidos, trata-se duma questão nacional».
Dizer-se que foi devido à amizade de alguns Srs. Deputados que foi votada es-