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Diário da Câmara dos Deputados
para esclarecer a situação, de modo também a manter o respeito que é devido às estações oficiais.
Depois dessa discussão procurou-se ainda agitar a opinião, e, assim, no Diário de Notícias, jornal que eu tenho na máxima consideração, pela forma imparcial como procura tratar todos os assuntos, veio há dias um artigo que predispunha mais a uma atmosfera de dúvida sôbre as relações entre Moçambique e a União, sobretudo para aquelas pessoas que não têm um conhecimento perfeito do assunto.
Não costumo recorrer a notas oficiosas para desmentir boatos que de vez em quando se propalam; mas tendo-me sido chamada a atenção para êsse artigo, e visto que dele se deduzia que havia complicações, ou, pelo menos, que as cousas se passavam dum modo diferente daquele de que nos tínhamos ocupado nas sessões do Parlamento, cheguei à conclusão de que era, de facto, necessário que pelo gabinete do Ministro das Colónias fôsse mandada uma nota ao jornal que tinha publicado o artigo, a fim de pôr as cousas nos devidos termos e de evitar equívocos.
Êsse artigo tinha um sub-titulo com os seguintes dizeres:
«O encarregado do govêrno de Moçambique em desacôrdo com o Alto Comissário?»
V. Ex.ªs compreendem que o público, ao ler esta frase, com um ponto de interrogação, conclui que há um desacôrdo entre o encarregado do Govêrno e o Sr. Alto Comissário.
Ora não é exacto que tal suceda, pretendendo-se apenas estabelecer confusão e desorientar.
Da forma por que as cousas ali são expostas, parece concluir-se que o que o Alto Comissário e o Ministro das Colónias tinham tentado conseguir o que só o encarregado de negócios havia conseguido.
V. Ex.ªs compreendem como assim se contribui para desnortear a opinião pública sôbre um assunto tam grave para o País.
Sr. Presidente: o assunto já foi tratado nesta Câmara, e aqui foi declarado que o Alto Comissário tinha acordado com o govêrno da União na continuação duma parte do convénio.
Se fôsse exacto o que se lê no artigo, o Sr. Alto Comissário estaria em negociações com a União, e o encarregado de negócios em negociações contrárias.
Sr. Presidente: todos deverão ter compreendido como realmente havia a necessidade de recorrer a uma nota do gabinete do Ministro, pondo as cousas nos seus devidos termos.
Assim se fez sem o mais pequeno obstáculo, declarando-se que o telegrama a que se tinha feito referência não era de origem oficial.
Feita a rectificação, aparece no dia seguinte, no mesmo jornal, uma carta assinada pelo Sr. Álvaro de Castro, e cuja classificação deixo à Câmara.
Detesto certos modos de fazer política, e não me referiria ao que se passou se não fôsse ter a consciência de que tinha de cumprir um dever: a defesa do bom nome de uma estação oficial.
Não admito que haja uma nota emanada do gabinete de um Ministro da República, para esclarecer um assunto, e que essa nota não seja exacta, porque isso seria o maior descalabro da administração pública, estabelecendo a desconfiança.
Vem a propósito lembrar que, a quando das negociações no Cabo da Boa Esperança para o novo convénio, que também serviu para apontar os erros que nós cometemos, citou-se até a contínua mudança de Govêrnos e de governadores, citando-se também as diferentes orientações, consequência de tais mudanças, o que não podia inspirar confiança à União.
Para que se pudesse manter essa confiança, era indispensável a estabilidade governativa.
Levantou-se uma campanha contra a administração do nosso pôrto e caminho de ferro, não se poupando até a primeira autoridade da nossa província.
Punha-se em dúvida mesmo a estabilidade da administração da nossa colónia.
Apoiados.
Tenho o dever de mostrar à Câmara os documentos de que se trata; é a expressão rigorosa da verdade, nem outra cousa se podia esperar.
No dia 3 de Março, o delegado do Govêrno de Moçambique enviam um telegra-