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Sessão de 26 de Abril de 1923
turas de novos créditos. E mau princípio êste.
A parte mais interessante neste orçamento está na parte que vai desde o capítulo 4.º até o fim, porque os capítulos anteriores ao 4.º quási que dizem apenas respeito às despesas com pessoal, e que quási não precisavam ser discutidos; desde que não se apresente uma reforma dos serviços não vale a pena estar a discutir êsse assunto.
Sr. Presidente: começa realmente o interêsse do Orçamento no capítulo 4.º, e eu estou de acôrdo quási na totalidade com o Sr. António Fonseca, e agrada-me estar de acôrdo com S. Ex.ª de que o estavam a querer namorar da parte do Partido Nacionalista.
O Sr. António Fonseca: — Aqui é que mo disseram que ea estava sendo namorado pelos Srs. nacionalistas.
O Orador: — E — sem desta vez lhe querer fazer namoro — quando S. Ex.ª se ocupou da questão técnica e política económica-financeira, em que hoje tem muitíssima autoridade, eu sinto-me perfeitamente de acôrdo com as suas ideas.
Constou que a minoria nacionalista tinha feito um certo namoro ao Sr. António Fonseca, e, Sr. Presidente, eu que tenho um grande interêsse pelo desenvolvimento do Partido Nacionalista, penso que procurar trazer para êste partido as pessoas cujas ideas não são incompatíveis com as do Partido Nacionalista, não me fica mal que faça a diligência para trazer para o meu Partido homens que tenham o valor do Sr. António Fonseca.
Confesso que tenho sido eu que tenho feito namoro ao Sr. António Fonseca.
O Sr. António Fonseca: — Confesso que ainda não dei por isso...
O Orador: — E porque V. Ex.ª é muito esquivo...
Risos.
O Sr. António Fonseca: — V. Ex.ª é extremamente amável.
O Orador: — E sempre próprio de quem vale muito, o dificultar-se um pouco. Pausa,
O Orador: — Entrando agora, Sr. Presidente, pròpriamente no assunto — capítulo 4.º — que era aquele a que me desejava referir, direi que todas as palavras que se profiram para marcar a necessidade urgente, inadiável, de atender às estradas, sobretudo de formular uma política clara e definida acêrca das estradas, é uma política que não pode ser só de um partido, porque é do todos os partidos da República, que tem de ser uma política nacional (Apoiados); todas as palavras para afirmar isto são quási desnecessárias.
E fundamental para nós, para a economia da Nação, para a regeneração das finanças públicas, para o equilíbrio, emfim, da política portuguesa, o resolver o problema das estradas de facto, e não com palavras.
Apoiados.
E preciso Sr. Presidente, que haja mais do que palavras. E preciso que o Sr. Ministro do Comércio, em nome do Govêrno, diga qual a política a seguir a êsse respeito.
Falou S. Ex.ª na política ferroviária, falou na política das estradas, aludindo até a uma proposta que lhe fizeram. Mas é preciso também que a política do Govêrno e a política de S. Ex.ª se estabeleça e se continue, e que o Govêrno que suceda ao actual — e eu espero que seja daqui a bastante tempo — não esteja a fazer uma política nova a êsse respeito.
As nossas estradas, toda a gente o reconhece, não são estradas; para se verem, permita-se-me o paradoxo, é preciso sair-se fora delas. Há pontos em que, para se aproveitar a estrada, e em alguns lanços, tem de se ir à beira dela. Os próprios vizinhos dão em gastar palavras para evidenciar o estado lastimoso das estradas, que chega a parecer cousa criminosa pela incúria que revelam. O estado a que chegaram as nossas estradas,, impossibilita o desenvolvimento económico do País.
As estradas, sejam as ordinárias, sejam aquelas que servem para a viação acelerada, não assentam numa base sólida.
E contudo, as estradas representam para a vida nacional o que a função vascular representa para a vida do indivíduo.