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Diário da Câmara dos Deputados
Se a viação não é regular, não pode a vida económica do País deixar de ser anárquica, como é a nossa, e sem economias, sem ser tudo regularizado, aperfeiçoado, harmónico e desenvolvido dentro do possível das suas possibilidades, é escusado pensar que nós possamos sair dessa situação que dia a dia mais asfixiante se nos torna, e que se não resolve com habilidades, que se não resolve com decretos como o dos lucros ilícitos.
A nossa situação só se resolvia aproveitando a fôrça potencial de todos o País, e ela não pode ser aproveitada sem haver estradas regulares.
V. Ex.ªs são todos pessoas que conhecem a história de todos os povos, e vêem que não havia nenhum que se não preocupasse com as relações exteriores, com as suas vias de comunicação.
Ainda há pouco lembrava o Sr. Dr. Vidal o grande exemplo das estradas romanas, das quais os rostos q"e ainda, hoje existem atestam o carinho com que elas eram construídas.
O Sr. Velhinho Correia: — Mas as estradas romanas tinham o objectivo da ocupação militar.
O Orador: — Eu sou ainda professor dumas classes elementares de história, o sei que as estradas romanas eram para os eleitos comerciais, de grande importância.
V. Ex.ª está a confundir essas estradas com as que se fizeram nos limites do Império Romano e que comunicavam com os acampamentos permanentes do Rio Reno.
Agora as estradas que vinham para ocidente, para a península ibérica, essas eram comerciais, porque a península chegou a ser celeiro de Roma.
Sr. Presidente: é indiscutível que êste problema das estradas tem de ser resolvido o mais depressa possível, e é um problema para o qual ou chamo a atenção da Câmara e sobretudo dos Deputados republicanos. E indispensável fazer sentir às populações rurais os benefícios da República, porque francamente, se nos limitarmos a andar a pregar e a prometer cousas, dentro em pouco ninguém nos acredita e têm razão.
As populações rurais estão a conhecer a República apenas pelos agentes do fisco. Não a conhecem por mais nada.
Em muitas localidades já se encontram estações telegrafo-postais fechadas, parecendo que o mesmo irá suceder a outras. Não sei, Sr. Presidente, qual é a política que sôbre esto problema o Govêrno pretende seguir...
O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Queiroz Vaz Guedes): — É minha convicção que essas estações fecharam porque a receita não dava para a despesa.
O Orador: — Mas mesmo que assim seja, nem todos os serviços públicos são para dar receita. É êste um critério que não posso aceitar.
Digo isto sinceramente, e com pesar eu sinto, em muitas populações uma certa animosidade contra o regime pelo facto de serem fechadas as estações, porque isso lhes traz grandes prejuízos.
E êste, Sr. Presidente, um dos casos em que a Nação, gastando mais umas centenas de contos, faria talvez uma grande economia.
Tenha V. Ex.ª a certeza, Sr. Ministro, de que, se trouxer a esta Câmara uma proposta de lei que revogue essa disposição, que não permite que existam estações telégrafo-postais em certos lugares onde são pequenas as receitas, todos os Deputados aprovarão essa disposição.
Com relação à instrução, limitou o Estado á sua acção a criar programas extraordinários e mirabolantes.
Criámos os programas extraordinários, e acontece que as escolas não estão sendo freqüentadas.
O Sr. António Fonseca (interrompendo): — Isso apesar de os professores ganharem actualmente bem.
O Orador: — Deixe-me V. Ex.ª dizer-lhe: se o professor fôr competente, não ganha demais.
E uma injustiça o dizer-se que os professores ganham muito, se atendermos às habilitações que se lhes exigem e às funções que êles desempenham.
Se reduzirmos ao padrão ouro o que ganham actualmente os professores, nós veremos que êles ganham uma insignificância.