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Diário da Câmara dos Deputados
O Padroado Português no Oriente tem decáido, não como reflexo duma pretendida decadência da Igreja — decadência que felizmente não existe — mas como reflexo da própria decadência do Estado; pelos vários e complexos motivos por que se têm corrompido em nossos dias todos os ramos da administração pública em Portugal.
Hoje, a Igreja ocupa no Oriente uma situação de mais esplendor que a dos melhores tempos do Padroado Português.
O Japão, a China e todos os povos asiáticos desenvolvem-se sob a acção e zêlo apostólico dos seus padres.
As Universidades, os observatórios astronómicos, escolas e instituïções de beneficência de toda a ordem, todos os factores de civilização naquelas remotas paragens, estão nas mãos dos católicos.
As potências do Ocidente procuram ás suas preferências: à Inglaterra, a Itália, à França e a Alemanha acodem ao seu caminho a oferecer-lhes recursos.
A França republicana, que os nossos radicais tanto teimam em imitar, já não vê senão o prestigio da Igreja: ainda há pouco autorizou as seguintes congregações religiosas para á civilização do mundo: Missões Estrangeiras de Paris; Lazaristas; Padres do Espírito Santo; S. José de Cluny e as Irmãs de S. Vicente de Paulo.
Pois um novo projecto pende já do respectivo Parlamento, em condições de completa viabilidade, para autorizar mais estas: Irmãs da Doutrina Cristã; Padres Brancos; Sociedade de Missões de Lyon; Irmãos Maristas e Padres Betharam.
É assim que a França está compreendendo a sua função política;
Porque não se hão-de orientar no mesmo sentido os nossos políticos?
Quanto a supor-se que o catolicismo está a decair na Ásia, é uma simples ingenuïdade.
A política de Portugal e que se está afundando para a sua missão histórica.
O Sr. Almeida Ribeiro procurou também deixar perceber que o numero dos católicos da índia Inglesa não passava de 1:500.
Seja assim, mas acrescente-lhe, como é de justiça, o número dos católicos da Índia Inglesa e ainda o dos da diocese de Macau, estendendo-se pela China, Singapura e Timor, porque todos entram no âmbito do Padroado Português.
Os católicos, portanto, do Padroado não são só os que indicou, e assim o número dêles é bem mais considerável.
Seja porem como fôr; não é só pelo número dos convertidos que se pode avaliar da influência do Padroado.
A influência do Padroado avalia-se também pelo seu ascendente moral sôbre os povos e pelo reconhecimento da superioridade intelectual dos que o representam o exercem, e êsse ficou bem demonstrado, por exemplo, pelo prestígio do dois ou três padres portugueses, em Singapura, de que dois aqui conta o Sr. Agatão Lança.
Falou o Sr. Jaime de Sousa, relativamente às missões religiosas, que os orçamentos especiais de Angola, Moçambique e Timor continham verbas especiais para elas. Muito embora.
Mas não as contém os orçamentos doutras colónias; e além disto, não se compreende como é que as missões laicas, que nenhumas tradições tem no País, devem ser objecto do Orçamento Geral do Estado e só o não devam ser as missões religiosas, que têm sido sempre o principal instrumento de civilização e de soberania da Nação.
Uma pátria que aspire a ter fôrça política aproveita todos os elementos tradicionais que possa aproveitar.
O sentimento religioso é evidentemente um dêsses elementos em Portugal.
Entreteve-se ainda o Sr. Jaime de Sousa a pretender mostrar que outras religiões se têm melhor adequado aos povos indígenas.
Citou para exemplo o mussulnianismo em África!
Fraca compreensão da vida!
O catolicismo procura o melhoramento moral dos povos, e êsse melhoramento consegue-se em toda a parte, não condescendendo com os vícios, mas combatendo-os e deixando ver belezas sobrenaturais através da existência humana.
Haja pois pára com as missões religiosas dos católicos o reconhecimento e o respeito que lhes são devidos.
E mesmo um dever de patriotismo.
Com a Igreja é que nasceu Portugal; com a Igreja também é que Portugal fez há-de restaurar.