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Diário da Câmara dos Deputados
era mais do que a intenção de tirar aqueles efeitos políticos que são legítimos.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Lino Neto não fez a revisão dos seus àpartes.
O Sr. Agatão Lança: — Apenas duas palavras. Eu que não professo a religião do Sr. Deputado que representa aqui a minoria católica; no emtanto, como português e patriota, sempre que tive ensejo pugnei pelos missionários portugueses no ultramar.
A influência exercida por essas missões é alguma cousa de grande para o nosso País.
Em Ceilão verifiquei em muitos núcleos indígenas que professavam a religião católica, por influência dos missionários portugueses, e verifiquei em muitos militares polícias que vão a bordo, uma grande admiração por Portugal, simpatia tam grande quanta antipatia têm pelos holandeses e pelos ingleses.
Em Singapura altos valores ali existem administrados pelos missionários portugueses.
Assim é, Sr. Presidente, que os dois melhores palácios que existem em Singapura são portugueses, e foram reconstituídos sob a direcção dêsses missionários, entre os quais eu me lembro do nome de dois irmãos, os padres Pinheiros, naturais de Freixo de Espada-à-Cinta, que são dos portugueses mais patriotas, que são dos portugueses com melhores qualidades que até hoje me tem sido dado conhecer.
Devo dizer a V. Ex.ªs que se todos os padres portugueses imitassem êsses dois padres, eu não teria dúvida, apesar de não professar nenhuma religião, de defender à outrance os ministros da mesma religião.
Eu devo dizer a V. Ex.ª que a influência exercida por êles é tam grande, que estando, em 1920, uma revolta latente nos domínios ingleses do Oriente, de tal forma que as três esquadras chegaram a reünir-se e concentrar-se sob o comando dum almirante nas águas de Calcutá, sendo distribuído então um bilhete a todos os ingleses e estrangeiros, diante dêsse perigo, para que ao primeiro sinal de revolta devessem ir a determinado sítio para os homens se armarem, e às mulheres só lhes ser permitido levar um cobertor e sabão, os únicos que se recusaram a aceitar êsses bilhetes foram os portugueses, e sobretudo os missionários portugueses que estavam no seminário português.
Em algumas escaramuças foram mor tos ingleses e estrangeiros, mas em plena revolta os portugueses foram sempre respeitados, e os missionários passaram sempre com os seus educandos através das ruas, sendo respeitados até pelos próprios rebeldes.
Mas, Sr. Presidente, se eu tenho esta magnifica impressão a respeito dêstes missionários, devo dizer também claramente, que referentemente aos padres missionários que exercem a sua missão em Macau, se entre êles há alguns muito distintos, se há alguns que merecem a minha consideração, outros há. Sr. Presidente, a quem eu não estenderia a mão, porque êles não seguem o exemplo daqueles que eu apontei.
Mas quero dizer a V. Ex.ªs que, sendo eu uma pessoa que não professa religião alguma, tenho consideração por muitos missionários portugueses que exercem as suas missões nas nossas colónias de Angola, Moçambique e Macau, e no Estreito de Malaca, que outrora era dos portugueses, mas que hoje está sob a bandeira inglesa. Mas a mesma consideração não estenderei às missões laicas que a República para lá manda. Devo dizer aqui, com aquela franqueza que me caracteriza, que se estivesse nas minhas mãos suprimirão orçamento a verba que o Estado dá para a sustentação dessas missões, eu imediatamente o faria, porque devo dizer a V. Ex.ª que essas missões são um mito, não produzem absolutamente nada, porque as missões laicas existem só no orçamento. In loco, elas não exercem a sua missão. Há missões aí com nomes gloriosos, como seja a missão Cândido dos Reis, que, no lugar onde devia desempenhar as suas funções, não tem ninguém.
A primeira missão laica que foi daqui para Angola apresentou-se lá com três sujeitos, um dos quais levava uma mulher. Sucedeu que, pouco depois, estavam indispostos porque um dêles procurava a mulher do outro.