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Sessão de 8 de Junho de 1923
Eu tenho, é certo, a fama de ser um especialista em matéria de esbanjamentos.
Não me tem afligido muito essa reputação, porque no dia em que quiser demonstrar que ela é infundada, fá-lo hei com extrema facilidade.
De resto, não me parece que se tenha abusado, como afirma o Sr. Carvalho da Silva, das missões ao estrangeiro.
A verba relativa ao Secretariado da Liga das Nações, a que S. Ex.ª se referiu, é uma verba que tem fatalmente de ser inscrita no orçamento, porque o Tratado de Versailles assim o impõe.
Referiu-se ainda S. Ex.ª à despesa com os automóveis do Ministério, a que também aludiu no seu parecer o ilustre relator do orçamento.
Já tal não sucederia se se fizesse um contrato, com todas as garantias, com uma emprêsa particular para manter transporte para o Ministro e Director Geral.
Assim evitava-se o inconveniente de estar meses e meses o automóvel do Ministério sem funcionar e os consertos custarem caríssimos.
Esta medida não é senão um alvitre que podia tornar-se extensiva a todos os Ministérios, mas como está pendente uma proposta de lei sôbre os automóveis do Estado seria essa a ocasião para se discutir o assunto.
O Sr. Jaime de Sousa referiu-se à inconveniência da supressão das legações de Copenhague, Cristiânia e Estocolmo; como estou de acôrdo com S. Ex.ª escuso de dar largas explicações.
A encarregatura que existe na Cristiânia está hoje desempenhada por um cônsul que não recebe mais por êsse, serviço; logo, a supressão não trazia economia para o Tesouro.
Com respeito aos consulados de Salamanca e Valladolid julgo mais oportuno esperar pela remodelação dos serviços do Ministério dos Estrangeiros.
Em todo o caso como tantas reclamações têm sido feitas hoje e ontem à noite a propósito da discussão dêste orçamento, sôbre os consulados, pode o Ministro, sem grave inconveniente para o país, concordar com a supressão dos consulados de Valladolid e Salamanca, mas, repito, preferiria que se reservasse êsse assunto para e discussão da reforma do meu Ministério.
O Sr. Baltasar Teixeira referiu-se às escolas no estrangeiro, repetindo o que ontem disse o Sr. Carvalho da Silva.
Sr. Presidente: sinto-me muito contente por ver que tantas vezes a despeito dos extremos políticos em que se encontram os Srs. Carvalho da Silva, Baltasar Teixeira, Agatão Lança e Bartolomeu Severino se encontrem de acôrdo e acôrdo tal que parece já estarmos na tam anunciada pacificação da família portuguesa.
Disse o Sr. Baltasar Teixeira, concordantemente com o Sr. Carvalho da Silva, que essas escolas não têm utilidade alguma; vindo ainda hoje em reforço dos argumentos produzidos pelo Sr. Baltasar Teixeira, o Sr. Cancela de Abreu pôs em relevo que no Ministério dos Estrangeiros há informações falsas sôbre o valor e conveniência da manutenção dessas escolas.
Não acredito que as informações sejam falsas.
Tenho informações de vária origem, tenho inclusivamente as informações dos consulados e não posso acreditar que um funcionário consular informe o Ministério dos Estrangeiros falsamente, propositadamente ocultando a verdade.
Se algumas informações inexactas os cônsules mandam será devido àquela terrível circunstância de que errare humanum est.
Não acredito que o façam com o propósito de falsear a verdade.
Não me convenço da veracidade das notícias dêsses jornais porque todos sabem que o papel permite tudo aquilo que lhe querem pôr, e se vários acreditam no que os jornais encerram, então temos de admitir que entre nós falam verdade todos os jornais, monárquicos, republicanos, bolchevistas; emfim os jornais representativos de todas as ideas políticas e religiosas.
O papel recebe tudo.
A paixão de jornalista, e quando digo paixão não atribuo à palavra um sentido pejorativo mas sim à paixão pelos próprios ideais, poios seus pontos de vista, pela doutrina que professam, leva-os muitas vezes a cometer injustiças graves.
Isso acontece, decerto, com os jornais da América.