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Diário da Câmara dos Deputados
O Sr. Presidente: — Os Srs. Deputados que aprovam o requerimento do Sr. Alberto Cruz, queiram levantar-se.
Está aprovado.
O Sr. Joaquim Ribeiro: — Sr. Presidente: pedi a palavra, em negócio urgente, para me referir à situação em que se encontram os mutilados da guerra, êsses homens de que nós os que na guerra estivemos, nos devemos orgulhar por os termos tido como companheiros, e que na verdade se vêem na necessidade de andar a pedir esmola.
O Sr. Mariano Martins: — Isso não é verdade.
Façamos justiça, mas não digamos barbaridades dessas.
O Orador: — É absolutamente verdade o que acabo de dizer, não compreendendo portanto o significado das palavras do Sr. Mariano Martins.
Êsses homens, Sr. Presidente, encontram-se de facto impossibilitados de ganhar a vida, encontrando-se de facto na miséria.
Êstes homens, Sr. Presidente, ainda ontem andaram mendigando pela imprensa, mostrando a sua situação, situação que tem qualquer cousa de extraordinário.
É uma vergonha dizer-se, mas a verdade é que o que êsses homens pedem é simplesmente aquilo que temos dado aos revolucionários civis; e essa situação dos revolucionários civis é tam antagónica (Apoiados) incluindo gente que nunca foi revolucionária civil, (Apoiados) que não pode haver paridade na justiça, premiando homens por serviços que se não podem comparar aos dos revolucionários civis.
Apoiados.
Eu curvo-me com respeito perante êstes homens, que tiveram a desgraça, servindo a Pátria, de serem mutilados.
Precisam de sustentar as suas famílias.
A Câmara que não regateou para êsses revolucionários civis as regalias que êles pediram, não poderá dar aos mutilados da guerra menos regalias que a êsses revolucionários.
Não são tantos, que possam tornar-se pesados no Orçamento.
Eram dez vezes mais do que são actualmente.
Não há pois o direito de regatear qualquer remuneração a êsses homens, para que fiquem em situação de poder viver.
Será justo que fiquem ao menos, em paridade com os revolucionários civis.
Apoiados.
Que serviços há da parte dêstes que se possam comparar aos seus?
Êsses homens não têm a impossibilidade de trabalhar, pela amputação dos seus membros.
Apoiados.
Qual foi a obra dos revolucionários civis?
O Sr. Mariano Martins, foi muito infeliz na sua frase, ontem como hoje.
O Sr. Mariano Martins: — Peço a palavra para quando se discutir a proposta.
Temos maçada.
O Orador: — Maçada?
O Sr. Mariano Martins: — Parece que V. Ex.ª pretende pôr-me em foco com a questão dos mutilados de guerra.
O que eu disse é que a afirmação de V. Ex.ª não foi inteiramente exacta.
Já aqui votámos medidas para êles.
Tudo que têm pedido lhes temos dado.
Não podem, portanto, estar na miséria.
O que V. Ex.ª quere é justo, mas V. Ex.ª escusava de ter feito uma afirmação dessa ordem.
O Orador: — V. Ex.ª usou de uma frase...
Fui informado, porque não ouvi, de que V. Ex.ª proferiu uma frase atentatória da minha dignidade.
Sou disso informado e peço a V. Ex.ª, Sr. Presidente, a sua intervenção.
O Sr. Mariano Martins, pediu a palavra para explicações.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Mariano Martins não fez a revisão do seu àparte.