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Diário da Câmara dos Deputados
Pela primeira vez na República viu-se nos partidos constitucionais aquela unidade de vistas, de. pensamento e conjugação de esforços que hoje, como ontem, antes da guerra e depois do armistício, é necessária e de que só pode vir a salvação para Portugal.
Muitos apoiados.
A situação era brilhante, sob êste aspecto.
O Sr. António Maria da Silva assumiu o poder, abdicando nós assim dos nossos interêsses partidários.
Apoiados.
Os partidos disseram ao Sr. António Maria da Silva: Dó aquelas liberdades que é legítimo exigir dentro da República, quer se trate. de republicanos ou de monárquicos. Dê essas liberdades sem se atacarem os princípios. Junte os católicos aos republicanos, formando com todos um único regime que se. chama Portugal. Ligue todos os republicanos dentro do País; ligue os bem; grude-os, faça essa obra de unidade que será o maior serviço que um Govêrno pode fazer nesta hora em Portugal.
Esta era a situação de o primeiro dever que o Sr. Presidente do Ministério tinha a cumprir. Vejamos como cumpriu S. Ex.ª êsse dever.
Vejamos a situação em que hoje estamos perante S. Ex.ª
(i O que foi que o Partido Nacionalista afirmou? Que não concorria para nenhuma crise parcial ou geral e que, quando se tratasse de interêsses vitais para o país, sacrificar-se ia, aceitando as circunstâncias que lhe eram impostas pelas duras necessidades, indo até o ponto de colaborar no aperfeiçoamento de medidas que reputasse necessárias; e, contudo, eu constato, que estamos sendo vexados e que de novo ressurge a velha frase de que só é bom republicano quem é democrático.
Apoiados na direita.
O Sr. Manuel Fragoso: — Não apoiado!
O Orador: — Peço ao Sr. Manuel Fragoso, com a autoridade enorme que tem no seu partido, que ajude êsse partido a dar-me aquele silêncio e. respeito pelas minhas ideas que S. Ex.ª não encontrou no seu congresso.
O Sr. Manuel Fragoso (interrompendo): — Pode V. -Ex. a fazer aqui, no Parlamento, todas as afirmações que entender a respeito do Partido Democrático, como eu pude fazer no Congresso do meu partido todas as afirmações que quis.
O Orador: — Há simplesmente uma diferença. Eu não falaria aqui se, para produzir as minhas considerações, tivesse liberdade idêntica à que V. Ex.ª teve no Congresso Democrático.
Apoiados.
O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): — Sempre que se fala em bons republicanos há logo desordem.
O Orador: — Embora eu não pretenda fazer a minha interpelação através dum continuado diálogo, não posso deixar de significar ao Sr. Carvalho da Silva que se S. Ex.ª sabe respeitar os seus colegas, nós temos sabido aqui respeitá-lo como oposição e até por vezes defendê-lo.
Apoiados.
Se S. Ex.ª, com o que disse na sua interrupção, quere ofender, eu direi que é injusto, e a injustiça não serve causa nenhuma,
O Sr. Carvalho da Silva: — Nunca se poderá ver nas minhas palavras quaisquer intuitos de desprimor seja para quem fôr.
Para que V. Ex.ª veja quanto eu sei respeitar as ideas dos outros, basta reparar em que eu sou capaz de intervir a tempo para que V. Ex.ªs se não zanguem ao tratar-se de bons republicanos.
O Orador: — Agradeço as boas intenções do Sr. Carvalho da Silva, mas peço a S. Ex.ª que não intervenha, porque nós saberemos liquidar entre republicanos as nossas contas.
Apoiados.
Sr. Presidente: continuando na ordem das minhas considerações, eu quero significar que nós estamos hoje em frente do Govêrno numa atitude em que nos sentimos vexados e feridos pela sua acção, e para se chegar a esta situação — quero acentuar — não houve da nossa parte quaisquer ataques a democráticos, nem qualquer acto de desrespeito pelo Govêrno e pelo Partido Democrático.