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Diário da Câmara dos Deputados
sição que ontem fiz sôbre as nossas relações comerciais com outros países a que S. Ex.ª no seu primeiro discurso se referiu.
Pelo que respeita à França, deve também ficar hoje S. Ex.ª satisfeito, e desta maneira eu tenho de sair dêste debate com aquela tranquilidade de consciência que S. Ex.ª disse que eu não posso deixar de ter. Saio efectivamente dele mais do que nunca, tranquilo e satisfeito, na certeza de que começo a ter em parte, na política por mim seguida neste ponto, a concordância do Sr. Cunha Leal.
Tenho dito.
O orador não reviu.
Vozes: — Muito bem.
O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: como sou uma pessoa tenaz, pedi a palavra novamente, prometendo comtudo não roubar muito tempo à Câmara.
Pergunto: é um crime interrogar o Sr. Ministro dos Estrangeiros para saber o que exigimos como mínimo em matéria de reparações?
E um crime desejar saber, não o resultado das negociações, mas a maneira como pomos o nosso problema das reparações perante o estrangeiro?
É um crime perguntar se nos cingimos ao ponto do vista francês, se nos cingimos ao ponto de vista italiano, ou se adoptamos o ponto de vista inglês? E, pregunto, aceitando nós o ponto de vista inglês, as percentagens que nos foram atribuídas em Spa continuam a ser aquelas que nos são. atribuídas agora?
A Inglaterra fez-nos já uma proposta para liquidação da nossa dívida de guerra, proposta separada da Conferência de Paris e que dizia o seguinte: ou nos resolvemos abster de todo e qualquer direito que temos nos 17 biliões de marcos ouro que constituem a segunda série dos compromissos da Alemanha, segundo o plano inglês na Conferência de Paris, em 1922, ou continuamos a exigir a nossa parte nesses 17 biliões de marcos ouro, mas então temos de pagar a nossa dívida, e eu já fiz as contas.
O que em Spa nos tinham atribuído era- 0. 75 por cento de 17 biliões de marcos ouro, o que dá um total de libras de, 6 milhões e 37o mil. Portanto se se aplicasse a percentagem de Spa aos 17 biliões de marcos ouro nós teríamos direito a 6 milhões e um têrço aproximadamente do libras. E o que é que nos diz o Govêrno Inglês?
Que façamos uma troca que equivale a uma alteração das disposições de Spa.
Diz-nos o Sr. Ministro dos Estrangeiros que está seguindo com interêsse, com cuidado, a questão das reparações.
Permita-me S. Ex.ª que lhe diga que nem sempre tem seguido com êsse cuidado, dia a dia, a política de reparações, e visto que tanto se fala naquilo que recebemos pelo acôrdo Bemelmans, lembre-se a Câmara de que quási até o último dia não sabíamos o que se dizia nesse acôrdo Bemelmans, lembre-se a Câmara de que várias companhias tiveram de, de um instante para o outro, enviar a Paris delegados para podermos receber mais 500:000 libras, visto termos direito a 1 milhão e no Ministério dos Estrangeiros não se sabia que tínhamos direito a êsse milhão de libras. Não era então Ministro dos Estrangeiros o Sr. Dr. Domingos Pereira, mas o Sr. Dr. Barbosa de Magalhães. Era assim que se defendiam os nossos interêsses.
No Ministério dos Estrangeiros não se conhece completamente o problema das reparações. É por isso que quando ouço agora afirmar que êsse assunto não tem sido descurado, que se têm trocado notas com a Inglaterra sôbre a nossa situação relativamente à dívida de guerra, eu tenho o direito de pensar que êsse assunto está tam bem estudado como estava o que se referia ao acôrdo Bemelmans.
Diz o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros que não sabe oficialmente que a Inglaterra vá negociar separadamente com a Alemanha.
Mas a missão de um Ministro, não é necessário dizê-lo, é ser previdente.
Dizer o que se tem dito é dar a impressão que realmente não se tem pedido nada.
é Mas é crime dizer que se deve declarar ao país o que se entende como mínimo sôbre as reparações da Alemanha e se foi apresentada alguma nota sôbre êsse ponto particular? É crime preguntar isto?
Interrupção do Sr. Vasco Borges que não foi ouvida.